Carlos Manuel Castro, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, responsabilizou o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) por falhar nas previsões e afirmou que a cidade teve de preparar o dispositivo de resposta à pressa. “Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa”, explicou.

“Não há país nenhum no mundo que tenha meios suficientes em tempo útil para responder a uma situação atmosférica como a que aconteceu em Lisboa”, começou por explicar Pedro Patrício, o comandante do Regimento dos Sapadores de Lisboa. “Foram mais de 180 pedidos de socorro, com incidência na Praça de Espanha. Não temos situações críticas.”

Acidentes e Desastres, Meteo, Sociedade, Inundações

JOS

A chuva intensa nesta tarde de segunda-feira deixou Lisboa transformada num caos. Água pelos joelhos, semáforos sem funcionar, uma mulher arrastada pelas águas e até granizo do tamanho de bolas de golfe. Foi este o panorama — veja aqui a fotogaleria e consulte o mapa das zonas mais afetadas.

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Quanto a situações críticas em hospitais, o caso mais grave sucedeu no IPO. “Deram-se inundações em zonas [do IPO] em que não deveriam acontecer, onde há abastecimentos do hospital. Quando caiu um pedido de um hospital, ficam todas as pessoas em lista de espera e resolvemos em tempo útil. Foi isso que aconteceu”, explicou Manuel Patrício, coordenador da Proteção Civil de Lisboa.

O IPMA não quis reagir às palavras do vereador da CM de Lisboa, mas deixou algumas pistas que podem ajudar a explicar as falhas. “Esta situação em particular que se tem vivido desde o início de setembro está ligada a aguaceiros, e não é igualmente distribuída pelo Continente. O modelo de previsão numérica nestas situações de instabilidade falha bastante”, explicou a fonte ao Observador.

E continuou: “Por isso, a maneira de fazer os alertas é a previsão a curto prazo, não recorrendo aos modelos, mas sim a radares meteorológicos.” A mesma fonte informou ainda que se registaram 17.3 milímetros de precipitação durante 15 minutos, segundo a Estação Meteorológica e Aerológica de Lisboa/Gago Coutinho. “É provável que tenha caído mais noutras zonas. Mas também sabemos que, segundo informações da Proteção Civil, 20 milímetros numa hora já causam muitos problemas na cidade de Lisboa.”

O alerta laranja vai permanecer até à noite, nos 18 distritos do Continente. As autoridades disseram ainda que as informações avançadas de que o trânsito estaria cortado na Avenida da Liberdade e Alcântara estão erradas. “Os carros estão a circular”, garantiram, ao fim da tarde de segunda-feira.

“É uma justificação estranha”, diz PSD

Sérgio Azevedo, o líder da bancada do PSD da Assembleia Municipal da CM de Lisboa, acusou o município de falhar nas limpezas das condutas e coletores, que completam o trabalho das sarjetas. “Foi uma situação difícil para as pessoas e cidade. Prova que a CML e as áreas estruturantes, onde se verificou maior influência destas chuvas, precisam de manutenção nos espaços públicos, nomeadamente nas sarjetas, coletores e condutas”, começou por dizer.

“É uma justificação um pouco estranha na minha perspetiva. A CML tem a obrigação de se informar, porque as previsões de mau tempo são do domínio público e era falado há algum tempo que o tempo ia piorar. Isto não se pode preparar na antevéspera”, afirmou, relativamente à acusação de falhanço das previsões do IPMA por parte de Carlos Manuel Castro. “Durante os períodos de calor, verão e primavera, nota-se que há uma deficiência nas limpezas, portanto é falta de planeamento”, rematou.