A coisa não muda muito. É escolher o lugar, comprar o bilhete, entrar na sala e sentar. As luzes vão-se amainando e, uns cinco ou sete minutos depois de anúncios ou trailers, o filme arranca. Não sem antes aparecer um aviso projetado no ecrã, algo parecido com isto: “Desligue ou coloque o seu telemóvel em modo silêncio, por favor.” É o preço, mais um, a pagar por uma ida ao cinema. E nos EUA já há outro. Agora, já não se pode estar de óculos a ver um filme.

Mas calma, não são uns óculos quaisquer — são os Google Glass, as mágicas lunetas que a empresa norte-americana criou para tirar a tecnologia das mãos e a por na cabeça das pessoas. E a partir desta quinta-feira, cerca de 32 mil cinemas nos EUA já são inimigas destes óculos, após a Motion Picture Association of America e a The National Association of Theatre Owners se unirem para proibirem a utilização de “tecnologia usável” nas salas.

A intenção é só uma: impedir que, além de o ver, uma pessoa possa gravar o filme que está a ver no cinema. E, em suma, não deixar que o filme chegue depois à Internet e aos vários sites de alojamento e partilha de ficheiros, dos quais depois se pode efetuar o download ilegal desses filmes.

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Em conjunto, as duas entidades, explicou o Washington Post, emitiram um comunicado para frisarem que, “como resultado dos esforços continuados para garantir que os filmes não são gravados nas salas de cinema, mantemos uma política de tolerância-zero quanto à utilização de aparelhos móveis durante a exibição” das películas.

Os Google Glass consiste nuns óculos que, à frente da lente direita, estão equipados com um pequeno visor ótico, no qual vai sendo apresentada informação. Pesa 50 gramas, tem 16 gigabytes de armazenamento disponível e dispõe de uma câmara com 5 megapixel — semelhante à que existe num iPhone 4, da Apple. E mais: consegue gravar vídeos em qualidade High Definition (HD), em resolução 720p.

Daí o ‘receio’ da indústria cinematográfica em que estes óculos sejam utilizados para gravar filmes em plena sala de cinema. Em janeiro, por exemplo, um homem foi expulso de uma sala em Ohio, nos EUA, e depois interrogado pelo Department of Homeland Security norte-americano, por estar a ver um filme com os Google Glass postos na cabeça. “Os indivíduos que se recusarem a guardar os equipamentos eletrónicos de gravação podem ser convidados a sair. E se os gerentes de sala tiverem indicações de que uma gravação ilegal esteja a ocorrer alertarão as autoridades”, lê-se, no comunicado emitido pelas entidades cinematográficas.

Para já, pelo menos por enquanto, os óculos da Google não são acessíveis a muita gente. Além de ainda estarem em fase de testes — ou no programa Explorer, como lhe chama a Google — a empresa impôs que apenas os cidadãos residentes nos EUA ou no Reino Unido os podiam encomendar. E o preço também não ajuda: os Google Glass custam cerca de 1600 dólares, ou seja, perto de 1270 euros.