Os produtores de cacau não estão a conseguir acompanhar o aumento do consumo mundial de chocolate, sobretudo perante a subida da procura pela matéria-prima na Ásia e nos mercados emergentes. O défice entre produção e consumo de cacau caminha para os níveis mais graves dos últimos 50 anos, alertam os produtores, o que já está a ter impacto nos preços do cacau no mercado.

A subida de 24% do preço do cacau nos mercados internacionais desde o início de 2014 espelha a situação de desequilíbrio que se vive há vários anos. E que está a agravar-se. Segundo a Bloomberg, vão consumir-se nos 12 meses começados a 1 de outubro mais 70 mil toneladas métricas de cacau do que aquilo que produzirá no mesmo período, indica a Organização Internacional do Cacau. Os dois maiores produtores de chocolate do mundo, a Mars Inc. e a Barry Callebaut, estimam que este défice irá multiplicar-se para um milhão de toneladas métricas até 2020.

O mercado está em desequilíbrio, porque a procura global está a aumentar e, por outro lado, a oferta (produção) está a descer. O tempo seco na África Ocidental, em particular na Costa do Marfim e no Gana (onde se produz mais de 70% do cacau a nível mundial), está a penalizar a produção. Ao mesmo tempo, tem aumentado em algumas regiões a incidência de Monilíase, uma doença causada pelo fungo “moniliophthora roreri” que tem arrasado várias colheitas nos últimos tempos.

No seu conjunto, estes dois efeitos terão reduzido a produção entre 30% e 40%, o que é também resultado do facto de vários agricultores estarem a preferir outras produções, como o milho ou a borracha.

A procura por chocolate também está a aumentar, em especial em mercados como a China. A população chinesa ainda consome muito menos do que a média per capita na Europa, mas há sinais de aumento do consumo de chocolate, incluindo o chocolate negro, que contém uma maior quantidade da matéria-prima.

A manter-se a tendência, o resultado será um aumento do preço do produto final para refletir a subida do preço no mercado internacional. Entretanto, está a desenvolver-se um novo tipo de árvore de cacau que, segundo o The Washington Post, produz sete vezes mais feijões de cacau. O sabor é que, por sinal, não é comparável.

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