O ator, que interpreta Dom Quixote, disse à Lusa encarar o filme como a visão de Manoel de Oliveira “em relação aos tempos que correm, que não são famosos, através de escritos antigos e feitos por grandes figuras da cultura portuguesa e não só”.

Da parte da produtora O Som e a Fúria, Luís Urbano afirmou que a receção ao filme no circuito de festivais foi “entusiástica” e que tem havido conversas sobre futuros projetos, dependentes “da disponibilidade física e de saúde” de Manoel de Oliveira, mas admitiu que, com o realizador, “tudo é possível”. Luís Urbano é o atual produtor de Manoel de Oliveira e garantiu as condições que permitiram a rodagem de “O Velho do Restelo”.

Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira, realçou que o ânimo do realizador “não é famoso em relação a novos projetos, por aquilo que se sabe”, referindo-se às questões ligadas ao financiamento, sublinhando que “a saúde, para ele, não é uma barreira”. “Até partir, assim será o raciocínio dele. Sempre foi um lutador. Não é agora que vai desistir de uma máxima de vida que é ‘eu quero e hei de conseguir’. Vai até ao fim acreditar que vai fazer mais filmes”, disse o intérprete, sobre Manoel de Oliveira, que assinala 106 anos na quinta-feira.

Numa entrevista publicada em novembro pela revista norte-americana Variety, Manoel de Oliveira disse que “O Velho do Restelo” é uma “reflexão acerca da humanidade”.

A curta-metragem é descrita pela produtora como “um mergulho livre e sem esperança na História”, reunindo, num banco do século XXI, “Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco”, a partir, precisamente, de um texto de Pascoaes.

A estreia do filme em território nacional vai dar-se em Lisboa e Porto, na quinta-feira, no primeiro caso, no Cinema Ideal e, no segundo, no âmbito do festival Porto/Post/Doc.

Luís Urbano salientou que a nova curta-metragem vai estar acompanhada de “Os Painéis de São Vicente”, de 2010, “um dos filmes mais interessantes” que Manoel de Oliveira “fez nesta fase da carreira”, além do documentário de estreia “Douro, Faina Fluvial”, de 1931, e de “O Pintor e a Cidade”, de 1956, que contrapõe a visão do Porto, do realizador, com a do pintor António Cruz.

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