Apesar de milhares de alunos terem começado as aulas mais tarde por falta de professores, as datas dos exames mantêm-se inalteradas, por decisão do Ministério da Educação que tem recusado os pedidos de adiamento e suspensão das provas.
Os problemas surgiram logo no início do ano letivo 2014-2015, quando foram detetados erros no processo de colocação de várias centenas de docentes, e milhares de alunos ficaram sem aulas. Para muitos estudantes, a normalidade só chegou dois meses depois da data prevista, quando finalmente passaram a ter todos os professores e deixaram de ter furos nos seus horários.
As soluções para minimizar o impacto da falta de aulas começaram logo a ser desenhadas e estão agora a ser aplicadas nas escolas, onde os alunos têm aulas extra ou mais do que um professor na sala de aula. No entanto, para muitos, estas medidas não eram suficientes e, por isso, pais e professores, defenderam a alteração das datas dos exames, que começam a 18 de maio, com os alunos do 4.º ano a serem chamados para a prova de Língua Portuguesa.
Entretanto, já no final de novembro, um grupo de pais e encarregados de educação voltaram a chamar a atenção para este problema, lançando um abaixo-assinado a pedir a suspensão dos exames e a reposição das aulas perdidas. Ao longo dos meses, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) tem mantido a sua posição: não mexer no calendário dos exames e compensar os alunos com aulas de recuperação.
Assim que os professores foram colocados, as escolas que tinham recursos próprios começaram a desenhar os seus planos de recuperação e as restantes pediram apoio ao MEC. Os estabelecimentos de ensino que submeteram os seus planos de recuperação à aprovação do ministério, propunham soluções como contratar novos professores, aumentar as horas de trabalho dos docentes contratados ou pagar horas extraordinárias aos professores dos quadros.
Além deste problema, os diretores escolares e sindicatos continuam a lembrar que é preciso repensar e reformular o sistema de colocação dos docentes para que os problemas registados em setembro não se repitam. A CONFAP, por exemplo, considera que poderá ser benéfica a descentralização de competências para escolas e autarquias, no sentido de as dotar de mais capacidade e autonomia para recrutar os docentes necessários nas suas comunidades.
Os diretores escolares também defendem a descentralização mas alertam para a importância de se começar a trabalhar neste assunto com maior antecedência para que não se voltem a repetir “os erros” registados em 2014.