Primeira parte aborrecida, mas com um golo. Segunda parte melhor, mas sem nenhum. Vitória justa da equipa que teve mais bola e mais rematou.

Fossem apenas estas linhas o resumo dos 90 minutos do jogo na Luz e eu não só não lhe estaria a mentir, caro leitor, como não lhe omitiria grande coisa.

Mas sempre se pode acrescentar mais qualquer coisa.

No futebol, como na vida, a estatística vale o que vale, e nesse capítulo o Nacional entrou no Estádio da Luz com o campo tão inclinado para os da casa que era coisa para impressionar os mais suscetíveis. Em sete edições da Taça da Liga o Benfica venceu cinco. Em 32 jogos somava 24 vitórias, 7 empates e uma derrota. Para mais, o Nacional nunca tinha ganho na Luz e o saldo dos últimos 10 confrontos entre as duas equipas saldava-se por oito vitórias vermelhas e brancas, um empate e uma vitória dos insulares.

A estatística não joga, já se sabe. Mas o Benfica não demorou muito a puxar por ela.  

Jesus mexeu três peças em relação à vitória sobre o Gil Vicente, a contar para o campeonato. André Almeida no lugar de Benito, Pizzi no de Gaitán e Cristante no de Samaris.

No Nacional, Manuel Machado deixou tudo na mesma em relação à derrota contra outra equipa de Lisboa, o Sporting, que foi à Choupana vencer por 1-0.

Aos 11 minutos de jogo, Maxi Pereira, a meio caminho entre o meio-campo e a grande área do Nacional, roubou a bola a Marçal, correu, tirou do bolso o telecomando e cruzou. A bola foi cair na cabeça de Jonas. O brasileiro saltou entre os centrais, qual Jardel na música de Rui Veloso, e desferiu o golpe de cabeça perfeito. Golo.

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Depois disso pouco mais. Aos 14 minutos Júlio César fez a primeira defesa, após um livre da esquerda, apontado por Marco Matias. O cruzamento morreu nas luvas do “Imperador”. Mas a primeira, e única, oportunidade de perigo criada pelo Nacional só aconteceu já perto dos 32 minutos quando Mário Rondon saltou mais alto que André Almeida e cabeceou dentro da área.

Já muito perto do apito do árbitro mandar toda a gente para o quente do balneário, Maxi “entortou” Marçal, na direita, entrou na área e disparou com o “pé cego”, o esquerdo, e acertou na barra. Maxi estava em fora de jogo, mas o auxiliar não viu.

Voltemos à estatística. Os números valem o que valem, mas indicam padrões, comportamentos. O Benfica confirmou os que traz às costas nesta Taça da Liga.

A segunda parte teve mais futebol, mais bem jogado, e começou com um Nacional mais perigoso. Pela mesma direita por onde Maxi tinha fugido na jogada que havia dado o golo ao Benfica na primeira parte, aos 51 minutos João Aurélio galgou metros e cruzou rasteiro. Mário Rondon atirou de pé direito, mas por cima. Oito minutos depois, após um péssimo alívio de André Almeida, a bola foi parar aos pés de Suk, mas Júlio César interveio e com o pé direito bem esticado tirou o pão da boca do coreano, mas quase que ao mesmo tempo que tocou na bola mandou abaixo o coreano. Pénalti? O árbitro disse que não, e pareceu que julgou bem.

Pelo meio o Benfica voltou a marcar, mas Lima estava fora de jogo quando fez a tabela com Ola John. E assim o holandês, que já andava com os assobios que vinham das bancadas a encher-lhe os ouvidos, e a toldar-lhe o passo, festejou, mas em vão.

O Benfica, já com Gaitán e Samaris, que entraram para os lugares de Pizzi e Ola John, voltou a dominar as operações e a ter mais posse de bola. Rematou várias vezes, ainda que Gotardi, o guardião dos insulares, nunca tenha tido muito trabalho. E acabou por ser o Nacional a voltar a criar perigo. Primeiro aos 72 minutos, quando, após um cruzamento ótimo, Lucas João cabeceou…com o braço, mas o árbitro não viu, e Júlio César brilhou. Qual guarda-redes de andebol, com o pé esquerdo, sacudiu para longe a bola e impediu o empate. Depois, aos 82 minutos Lucas João, outra vez, apareceu sozinho na esquerda. Com dois companheiros na área decidiu rematar. Júlio César agachou-se e encaixou. Os outros dois atletas insulares desesperaram.

Antes do apito final ainda houve tempo para Sulejmani voltar a pisar o relvado da Luz, mais de 7 meses depois de se ter lesionado na final da Liga Europa, contra o Sevilha, no fim da época passada. E o sérvio ia marcando, muito perto do fim, ao surgir sozinho dentro da área. Após cruzamento de Jonas na esquerda, Sulejmani dominou, rodou, e de pé esquerdo atirou ao lado. Também teve tempo para sofrer a falta que levou à expulsão de Saleh Gomaa por acumulação de amarelos.

Os 90 minutos da autêntica Torre de Babel com pernas que passou na gelada noite pelo relvado do Estádio da Luz terminaram pouco depois do remate do sérvio ter saído ao lado.

O Benfica teve mais posse de bola, rematou mais vezes, e marcou. Afinal, é esse o número que faz toda a diferença, o de golos.