Os produtores de milho estão preocupados com a volatilidade das cotações no mercado internacional, que penalizou “seriamente” o rendimento dos agricultores, e temem o impacto das futuras decisões nacionais no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC). Na véspera do X Congresso do Milho, que vai reunir em Lisboa cerca de 600 produtores e especialistas, o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS), salientou que a crescente volatilidade dos mercados de cereais implicou uma quebra de cerca de 25% nos preços do milho em apenas três campanhas agrícolas.

“O rendimento dos produtores nacionais foi seriamente penalizado, passando de um preço médio de 225 euros por tonelada, em 2012, para 170 euros por tonelada em 2014”, destacou Luís Vasconcellos e Souza numa resposta enviada à Agência Lusa. O presidente da ANPROMIS mostrou-se igualmente apreensivo face às decisões do Ministério da Agricultura que passam pelo apoio a determinadas fileiras no âmbito do 1.º pilar da PAC (pagamentos diretos), em detrimento da do milho. Uma opção que, segundo Luís Vasconcellos e Souza, “coloca em causa a tão reconhecida competitividade técnica dos produtores nacionais de milho e suas organizações”.

Também as decisões nacionais relativas ao “greening” (um pagamento que obriga os agricultores a cumprirem uma série de regras ambientais) “constitui um factor de grande preocupação para a APROMIS, pois inviabiliza o cultivo do milho em certas regiões do país, muitas delas onde a agricultura é mais competitiva”.

A área de milho em Portugal (silagem e grão) decresceu 7% entre 2013 e 2014, pela primeira vez desde 2010, passando de 146.719 para 136.644 hectares, segundo os dados recolhidos pela ANPROMIS. A produção de milho teve uma redução menos acentuada, segundo estimativas da associação, passando de 932 mil toneladas em 2013 para 914 mil toneladas no ano passado. O milho é o cereal mais cultivado em Portugal, preenchendo quase o dobro dos hectares ocupados pelo trigo (77.557 hectares em 2014). No entanto, a produção nacional abastece apenas 29% da procura. O resto é importado, maioritariamente da Ucrânia.

O X Congresso Nacional do Milho, que se realiza na quarta e quinta-feira, terá o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva na sessão de abertura e o ex-Ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, num debate sobre “o futuro de Portugal e o sistema político”. O encerramento será feito pela ministra da Agricultura e do Mar Assunção Cristas que abordará as futuras decisões nacionais no âmbito da nova PAC.

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