A diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Maria Amélia Ferreira, considerou esta quarta-feira que os cortes do Orçamento de Estado “ultrapassam largamente o sustentável”, falando em “risco” na “trajetória ascendente” desta instituição.

“O ensino superior tem vindo nos últimos anos a sofrer reduções sistemáticas do financiamento do Estado em termos reais”, começou por dizer Maria Amélia Ferreira que falava na sessão comemorativa dos 190 anos da FMUP, para depois lamentar que esta faculdade tenha visto “o financiamento reduzido em cerca de 20% desde 2010”. Segundo a diretora “a consequência desta redução teve como efeito que a taxa de cobertura de salários pelo financiamento do Estado passou de 85%, em 2010, para 78%, em 2013”.

Maria Amélia Ferreira apontou que “não obstante a redução de pessoal que se verificou neste quadriénio”, tem-se “exigido um esforço muito maior quer do pessoal no ativo quer em termos de afetação de receitas próprias a salários”. “Em 2014, e para 2015, os cortes no Orçamento de Estado ultrapassaram largamente o sustentável e os cortes na investigação colocam definitivamente em risco a trajetória ascendente da produção em ciências da saúde da FMUP”, disse a diretora em conclusão à apresentação de dados sobre as despesas e as receitas desta instituição.

Amélia Ferreira apontou, então, “três princípios orientadores” para o futuro: diversificar as fontes de financiamento, melhorar a competência técnica do apoio à decisão e à prestação de serviços, bem como melhorar o controlo de gestão e otimizar a utilização dos recursos disponíveis. “Vivemos um período difícil da nossa história coletiva e de incerteza sobre o futuro. Há que assegurar a qualidade de formação dos futuros médicos e manter a qualidade do Curso de Medicina terá sempre prioridade sobre qualquer outro projeto institucional. Este é o meu compromisso”, completou a responsável naquela que foi a sua primeira presença no Dia da FMUP como diretora.

Por fim, à semelhança do que viria a destacar o reitor na Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, num discurso posterior, Maria Amélia Ferreira disse identificar “grandes oportunidades particularmente no novo programa-quadro Europeu”, ou seja referindo-se ao novo ciclo de apoios comunitários designado de Portugal 2020. Ainda sobre a FMUP que completa quase dois séculos de história, foi enumerado que, no que diz respeito a 2014, o Mestrado Integrado em Medicina contou com 1745 estudantes e foram completados 34 doutoramentos, três agregações e 107 mestrados.

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