Portugal não é pequeno. E se apenas por comparação métrica e geográfica nos sentirmos minúsculos comparados com outros países, a realidade é que esta pequenez é ilusória e tem pouca aplicação prática. Se não produzimos filmes com dimensão “hollywoodesca” ou videojogos dos chamados AAA, com orçamentos de largos milhões de euros, não é por falta de qualidade da nossa parte, mas pura e simplesmente porque não existem em Portugal projectos com essa estatura.
A internet lá nos vai deixando descobrir portugueses de qualidade, profissionalismo e valor incontestáveis, que demonstram que a “pequenez” é, acima de tudo, psicológica. E não falamos apenas dos Ronaldos e dos Mourinhos que vão ajudando a (re)colocar Portugal no mapa. Mas falamos por exemplo de José Teixeira, senior virtual effect artist do estúdio polaco CD Projeck RED, que acabou de lançar um dos videojogos mais esperados do ano (e também um dos maiores em termos de dimensão, conteúdo e custos de produção): “The Witcher 3: Wild Hunt“.
Falámos com José Teixeira, que nos contou como foi parar ao projeto:
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O sexo e a reacção entusiástica de Conan O’Brien
Os consumidores sabem perfeitamente para que público está destinado este “The Witcher 3: Wild Hunt”. Apesar de ser um RPG passado num mundo de fantasia, o tom do enredo, a fina linha de moralidade de Geralt, o protagonista, e as múltiplas possíveis cenas de sexo que podemos ter, traça por inteiro o público-alvo deste jogo como um segmento exclusivamente adulto. Até Conan O’Brien, sendo o apogeu do não-jogador assumido, na sua genial rubrica “Clueless Gamer” fez uma pequena review do jogo, onde parodiou, como seria de esperar, com a sexualidade aqui presente.
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Como ganhar o respeito dos consumidores
O mercado dos videojogos é uma área que sabemos ser mais rentável que o próprio cinema. E se este facto é hoje de senso comum, também já é consensual a má imagem que algumas companhias possuem pela postura excessivamente virada para o lucro. Desde a publicação de jogos incompletos, passando por conteúdo adicional cobrado de forma extra e lançado no primeiro dia dos jogos, terminando na insistência de modelos de DRM, os infames esquemas de protecção de cópias adquiridas digitalmente. Mas a polaca CD Projekt RED acaba por ser, possivelmente, a empresa mais respeitada pelos consumidores: para além de advogarem o fim dos DRMs (e de o aplicarem nos seus jogos) oferecem todo o conteúdo adicional como forma de agradecer a confiança do público.
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“The Witcher 3: Wild Hunt” era um dos títulos mais esperados deste ano. Aliás, numa fase em que está a terminar o mês de Maio, já muitos jornalistas e críticos de videojogos o consideram um sério concorrente ao título de Jogo do Ano. E para nós, portugueses, com o todo o maravilhamento visual que o próprio jogo apresenta, é sempre com algum entusiasmo e um ainda maior respeito que descobrimos que grande parte do seu visual se deve a um português, que tem demarcado com a sua visão e o seu trabalho o direccionamento deste gigantesco blockbuster que demorou anos a ser terminado e contou com a participação centenas de pessoas na sua criação.
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É óbvio que nem todos os jogos são para todas as pessoas, e alguns géneros, como os Role Playing Games, carecem de uma envolvência e dedicação ainda maiores. Para além de serem jogos que requerem mais de cem horas de dedicação e cujo conteúdo mais cinematográfico poderá, apesar da complexidade, ser uma das melhores portas de embarque para um mundo tão fascinante como o dos videojogos. Mesmo para quem tem algumas reticências em lá entrar.
Ricardo Correia, Rubber Chicken