Há pessoas que parecem ter um sorriso à flor dos lábios e adoram rir descontroladamente, e há aquelas bem mais contidas a quem é quase preciso arrancar um sorriso a ferros. Agora, e segundo o que a ciência apurou, umas e outras podem culpar os seus genes.

Publicado na revista Emotion, o estudo resultou de uma junção de esforços entre a Universidade de Northwestern e a Universidade da Califórnia-Berkeley. Os investigadores concluíram que aqueles que tinham uma maior predisposição para sentir emoções negativas tinham também mais probabilidades de sentir da mesma forma as positivas.

Ou seja: caso tenha esta predisposição, uma discussão com um amigo ou com o seu parceiro pode deixá-lo de rastos, mas o mesmo se aplica a momentos de felicidade — irá sentir-se muito mais feliz e recompensado.

Segundo a Fusion, para medir as diferentes reações emocionais, os investigadores juntaram um grupo de pessoas e fizeram-nas olhar para coisas engraçadas. Na primeira experiência, coube a jovens adultos olharem para cartoons do Far Side e da New Yorker. Numa segunda experiência, juntaram pessoas de várias idades para ver excertos “ligeiramente engraçados” de um filme. E na terceira experiência, fizeram com que casais de meia-idade e idosos falassem sobre um desentendimento que tiveram ao longo das suas relações.

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Os autores do estudo filmaram os participantes e usaram um software para codificar as suas expressões faciais — com especial incidência nas manifestações de riso. E porque é fácil fingir um sorriso, foi feito um esforço especial para desvendar os verdadeiramente genuínos dos amarelos, e para assinalar quando os participantes sorriam com os olhos.

O passo seguinte passou por recolher amostras de saliva dos participantes de forma a estudar os alelos do gene 5-HTTLPR, que transporta a serotonina e tem um papel fundamental nas emoções, distúrbios de humor e outras doenças psiquiátricas. Todas as pessoas têm dois alelos, um de cada progenitor (um da mãe e outro do pai), sendo que o que se expressa é o dominante e o que está mascarado é o recessivo.

No caso do gene 5-HTTLPR, os investigadores consideraram duas variantes: alelos curtos e alelos longos. Estudos feitos anteriormente mostraram que os alelos curtos estão ligados a “resultados negativos” e distúrbios tais como a depressão, a ansiedade e o abuso de substâncias. No entanto, os investigadores descobriram que os participantes com predominância de alelos curtos também sorriem e riem mais.

De acordo com Claudia Haase, professora assistente de desenvolvimento humano e política social na Universidade de Northwestern e co-autora do estudo, os resultados “fornecem uma imagem mais completa da vida emocional das pessoas com alelos curtos”, acrescentando que “as pessoas com estes alelos podem dar-se muito bem num ambiente positivo e sofrer num ambiente negativo, já as pessoas com alelos longos são menos sensíveis às condições que as rodeiam”.

Se faz parte do grupo de pessoas que ri a bom rir, não se preocupe com o tamanho dos alelos que tem, até porque rir ainda é o melhor remédio.