Os sinais que utilizamos estão programados culturalmente para os podemos interpretar: sabemos que levantar o polegar significa que tudo vai bem porque o contexto em que estamos inseridos assim o determina e essa foi a aprendizagem que assimilámos. E dizer “tchin tchin” é algo tão natural num brinde, para nós, que ninguém diria que significaria algo menos agradável noutros países.

Mas, a cultura muda em função do território em que estamos. Tudo depende da história da região, das crenças religiosas e dos costumes e tradições que se herdam. É por isso que devemos ter cuidado na hora de cruzar dedos em certos países ou de acariciar uma criança noutros.

Esta é a lista de conselhos que deve levar na mala, de acordo com uma recolha do El Confidencial.

Na Índia não aponte com o dedo

US President Barack Obama (L) chats with Jordan's King Abdullah II during a luncheon hosted by UN Secretary General Ban Ki-Moon on the sideline of the 68th United Nations General Assembly at the UN in New York on September 24, 2013. Obama on demanded that the world take action on Syria, saying that the regime must face consequences after the use of chemical weapons. Speaking before the UN General Assembly, Obama defended his threat of force against Syrian President Bashar al-Assad's regime and denounced critics who accuse the United States of inconsistency. AFP Photo/Jewel Samad        (Photo credit should read JEWEL SAMAD/AFP/Getty Images)

Enquanto conversa com Abdullah II, Barack Obama aponta o dedo para o rei da Jordânia. Na Índia isto seria considerado muito rude.

Sim, por cá também não é um hábito muito apreciado, principalmente quando alguém levanta o dedo indicador diretamente para uma pessoa. É feio, mas pode acontecer sem más intenções no Ocidente. Na Índia não é bem assim: apontar para algum lado esticando o dedo é mesmo rude.

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A alternativa é apontar com o queixo.

Já usar os pés estão fora de questão, porque são considerados a parte mais suja do corpo humano. Quem roçar com o pé noutra pessoa deve-lhe um pedido de desculpas tão grande como se lhe tivesse dado um valente pontapé nas canelas. E é também por isto que os rituais religiosos pressupõem que os crentes lavem os pés quando pretendem entrar num lugar sagrado.

Um “V” muito pouco vitorioso no Reino Unido

Prime Minister Winston Churchill outside 10 Downing Street, gesturing his famous 'V for Victory' hand signal, June 1943.  (Photo by H F Davis/Getty Images)

V de Vitória foi o símbolo que Winston Churchill utilizou

Muito comum entre os vencedores do que quer que seja. As pessoas levantam dois dedos (indicador e médio) para indicar uma vitória ou para assinalar tempos de paz. Mas em países como o Reino Unido, Austrália ou Irlanda o mesmo “V”, mas com a palma da mão voltada para o rosto, é um insulto dos piores. Em espanhol qualquer coisa como “tomar por el culo” ou em inglês “f… yourself”.

Parece que a imagem pejorativa deste sinal já vem de 1415, e de uma batalha entre França e Inglaterra. Quando os franceses venceram a batalha começaram a cortar os dedos dos ingleses. Depois agitavam as mãos com a palma virada para eles mostrando como tinham as mãos inteiras.

Cruzar os dedos no Vietname não dá sorte nenhuma 

A man with his fingers crossed for good luck, circa 1950.  (Photo by Fox Photos/Hulton Archive/Getty Images)

Para muitos, este símbolo pode atrair a sorte.

“Cruza os dedos por mim”, costumamos pedir amigos quando precisamos de boa sorte para uma qualquer situação na vida. Virou um símbolo da força espiritual que pode – nunca se sabe, mais vale prevenir – ajudar a concretizar determinados desejos.

Ora, no Vietname as coisas são bem diferentes. Lá, o cruzar de dedos representa os órgãos genitais femininos. E fazê-lo à frente de um homem é da maior vulgaridade que pode existir naquele país.

Na Turquia vão mais longe: se por cá a linguagem corporal de cruzar os braços ou abraçar o corpo revela necessidade de proteção, por lá indica que se tem o maior desprezo pela pessoa com quem está a conversar.

Tchin Tchin no Japão?! É um palavrão!

SYDNEY, AUSTRALIA - DECEMBER 31:  People toast their wine glasses as the annual New Year's Eve fireworks display illuminates the sky over Sydney Harbour on December 31, 2009 in Sydney, Australia. The 2009 into 2010 theme is 'Awaken The Spirit' with over 1.5 million people expected to gather around the harbour to watch the 12 minute show.  (Photo by Ryan Pierse/Getty Images)

Por cá, “tchin tchin” é o som que emitimos durante os brindes. No Japão, as coisas são diferentes.

Por cá, aproximamos os copos num brinde e o vidro do copo faz um “tchin tchin” característico e tão agradável para uma celebração. Em terras nipónicas, as coisas não são assim tão românticas: a onomatopeia do brinde tem uma sonoridade muito semelhante à forma como se diz em japonês ao palavrão referente ao órgão de reprodução masculina. Agora imagine-se o que seria se os japoneses brindassem e evocassem a genitália do homem.

É por isso que naquele país se diz “kanpai”. Na Alemanha, a palavra é “prost” e em França usa-se a expressão “à votre santé”, que é como quem diz “à vossa saúde”, algo que também se pode dizer em território lusitano.

Fotografias íntimas? Não existem na Malásia

KOTA KINABALU, MALAYSIA:  This undated photo shows Mount Kinabalu, South East Asia's highest peak, in East Malaysia's state of Sabah. A Malaysian rescue team has found signs that 17-year-old British girl Ellie James who got lost on Mount Kinabalu for six days may still be alive.  Ellie, on holiday from Cornwall, England became separated from her family August 16 2001 while descending the 4,101 metre (13,454 feet) Mount Kinabalu in bad weather. She wandered off with her 15-year-old brother Henry, but he was found six hours later by rescuers. A special 20-man disaster relief team from Kuala Lumpur arrived 21 August 2001 and joined some 70 rescuers, including police, troops and volunteers, to comb the foggy jungle as they continue their search.    AFP PHOTO (Photo credit should read AFP/Getty Images)

Quatro turistas subiram ao monte sagrado Kinabalu e despiram-se. Voltaram para casa com menos 2 mil euros cada um.

O Observador contou-lhe esta história há uns tempos, está recordado? Quatro turistas subiram a uma montanha sagrada e decidiram tirar a roupa toda para tirar uma fotografia. Os jovens com idades entre os 22 e os 24 anos foram levados para Kuala Lumpur e aí voaram de novo para os respetivos países de origem.

Mas a história não acabou aqui: todos foram condenados a três dias da prisão, uma multa com valor equivalente a 1190 euros e a acusação por parte das comunidades indígenas de terem desencadeado um terramoto seis dias depois por terem enraivecido os espíritos.

O monte é sagrado e a nudez ali é considerada como uma enorme desconsideração. E um crime.

Na Tailândia fique longe das crianças

SYDNEY, AUSTRALIA - MARCH 16:  A mother and her daughter play in the water during a swimming class for babies at Lane Cove pool March 16, 2007 in Sydney, Australia. As the baby boom in Australia continues, the popularity of swimming classes for babies and toddlers is also on the increase. About 80% of the Australian population live on the coast, with swimming and surfing being major pastimes, leading parents to introduce their kids to water at an early age.  (Photo by Ian Waldie/Getty Images)

Mimar um bebé na Tailandia não é bem visto.

Nasceu um bebé. Vamos todos apertar-lhe as bochechas, acariciar-lhe a cabeça e abraçá-lo como se fosse um boneco. Afinal eles são mesmos amorosos e nós… também. Certo? Talvez por cá e nem sempre. Mas se estiver na Tailândia está apenas a habilitar-se a levar com um olhar muito depreciativo das pessoas.

Acontece que neste país asiático, a cabeça é a parte do corpo humano mais importante por ser nela que está guardada a alma. Por isso, tocar na cabeça é um bilhete só de ida para o mais longe possível dos tailandeses.

No que toca às crianças… nem as toque. Um grupo étnico chamado Miao vê as carícias que fazemos habitualmente aos bebés uma demonstração exagerada de interesse pela criança e fazem tudo para as afastar de terceiros.

Um like pouco simpático… em muito lado

A thumbs up or "Like" icon at the Facebook main campus in Menlo Park, California, May 15, 2012.  Facebook, the world's most popular internet social network, expects to raise USD $12.1 billion in what will be Silicon Valley's largest-ever initial public offering (IPO) later this week.   AFP PHOTO / ROBYN BECK        (Photo credit should read ROBYN BECK/AFP/Getty Images)

O polegar levantado para indicar “Gosto” no Facebook não é muito bem visto no Irão.

Está tudo bem. Por isso vamos levantar o polegar e dizer que se gosta de estar assim tão feliz. No Irão, porém, contenha esse bem-estar porque um polegar levantado é algo obsceno. E esta conotação existe em muitos outros países, como a Rússia, Austrália e em algumas nações de África.

Na Grécia é, apenas, uma grande falta de respeito. E sabe quando erguemos a palma da mão, pedindo a alguém que espere ou pare? Neste país é um ato chamado “moutza” que recorda os tempos em que se espalhava excremento na cara dos ofensores.

Postura de poder… e de falta de educação

pose

Esta foto representa uma afronta em alguns países.

Enquanto alguns psicólogos como Amy Cuddy nos contam que colocar as mãos na cintura em postura de poder altera a resposta química e nos torna mais bem confiantes, na Indonésia o gesto não passa de um símbolo de tentativa de enfrentar os outros.

Claro que tudo depende da atitude da pessoa: por cá, porque por cá podemos ter a mesma perceção. Mas na Indonésia é mesmo motivo para começar verdadeiras brigas, mesmo que ponha as mãos assim para descansar de uma longa caminhada.