A Alemanha está disponível para discutir “seriamente” a criação de um Ministério das Finanças da zona euro, noticiou este fim de semana a revista alemã Der Spiegel. Essa possibilidade implicaria, contudo, “alterações nos tratados europeus”, mas também o ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan, defendeu no domingo que “caminhar a direito no sentido de uma maior união política” é a única forma de fazer a zona euro funcionar, no rescaldo da crise da dívida.
O ministro alemão Wolfgang Schäuble está aberto à ideia de transferir “recursos financeiros substanciais” das receitas fiscais obtidas na Alemanha para um orçamento paralelo para toda a zona euro. Em causa poderia estar a transferência de parte das receitas com impostos sobre o rendimento (IRS) e com os impostos de valor acrescentado (IVA).
A informação foi transmitida à revista por fontes próximas de Schäuble e do Ministério das Finanças alemão. Porta-voz do Ministério de Schäuble não comentou a notícia, salientando que esta é uma discussão que está numa fase muito preliminar. “Questões específicas em discussão têm de ser vistas no seu contexto global e podem carecer de alterações nos tratados europeus”, disse a porta-voz.
Quem mostrou concordar com uma maior integração política na zona euro foi Pier Carlo Padoan, ministro das Finanças de Itália. “Alguns acreditam que a zona euro funcionará bem com mais ou menos pequenos ajustes, mas eu penso que isso não chega”, afirmou Padoan, citado pelo Financial Times.
O facto de se ter encarado de frente a possibilidade de saída de um membro da zona euro ainda torna mais importante que se “caminhe a direito no sentido de uma maior união política”. “A saída e, portanto, o fim da irreversibilidade, é agora uma possibilidade. Não devemos enganar-nos a nós próprios”, afirmou Pier Carlo Padoan, acrescentando que “se queremos eliminar esse risco [de saída de países do euro], teremos de ter um euro diferente – um euro mais forte”.
França apresenta propostas da “vanguarda” em outubro
Já é conhecida a intenção de François Hollande, o Presidente francês, de criar um grupo de países europeus – “aqueles que querem ir mais longe” – para avançar com novas medidas de integração fiscal e social na zona euro. Em outubro, Paris deverá apresentar medidas que incluem um salário mínimo europeu e regras harmonizadas para os impostos sobre as empresas.
Segundo o El País, Espanha estará entre estes países da “vanguarda” europeia, juntando-se aos países fundadores da comunidade económica europeia. Além das medidas específicas já mencionadas, François Hollande defende uma reformulação do Parlamento Europeu e um orçamento europeu a que aderirão os países que manifestarem essa vontade e cuja entrada seja validada pelos outros países.