Depois de uma passagem dupla pelo NOS Primavera Sound no Porto, Patti Smith volta a Portugal – desta vez a Lisboa – para desfilar as canções de “Horses”, disco que é um marco na história do rock, elogiado vezes sem conta desde que foi editado em 1975.

Seguindo religiosamente o alinhamento do disco, “Gloria” dá início à celebração cantada em coro pelo público que praticamente enche o Coliseu dos Recreios numa comunhão de gerações. É fácil ver muitos “cinquentões” que terão ouvido “Horses” na sua adolescência partilhar o mesmo espaço com jovens que, à partida, não têm idade para ter afinidade alguma com canções escritas há 40 anos. Ainda assim, o entusiasmo com que recebem “Redondo Beach” e “Birdland” parece não encontrar diferença de idades.

Depois de “Free Money” e de uma pausa para beber “água portuguesa com gengibre e limão biológicos” – será este o segredo para o vozeirão de Patti Smith aos 68 anos? – a compositora diz que é tempo de “levantar a agulha e mudar o disco para o lado B”. Seguem-se “Kimberly”, “Break It Up”, canção nascida de um sonho em homenagem a Jim Morrisson e “Land” com as rotações no máximo a dar força à energia que Patti Smith diz “sentir no ar”. O lado B acaba com “Elegie” escrita há 40 anos em homenagem a Jimmy Hendrix e a “todos os que já partiram e que vivem para sempre na memória dos que ainda estão vivos”.

Depois de “Horses” ter sido tocado na íntegra, as homenagens continuam. Patti Smith deixa o palco e Lenny Kaye assume o comando para surpreender o Coliseu com “Rock & Roll”, “I’m Waiting For My Man” e “White Light, White Heat”, três versões dos Velvet Underground. Alguns minutos depois, Patti Smith volta ao palco para pegar pela primeira vez na guitarra e dedicar a música seguinte – “Beneath The Southern Cross” – à vida e falar de uma visita à casa de Fernando Pessoa e dos livros que por lá havia.

“Conheci um homem em 1976. Foi amor à primeira vista. O namorado tornou-se marido e tivemos dois filhos” conta Patti antes de arrancar para “Because The Night”, a história de amor que podia ser a de qualquer um. A seguir, “People Have The Power” que aterra em Lisboa em plena campanha eleitoral. A versão de “My Generation” dos The Who põe de novo uma guitarra nas mãos de Smith e serve de ponto final a quase duas horas de celebração de uma das mulheres mais influentes da história do rock.

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