É uma arte milenar — ou não estivesse ligada às culturas chinesa e japonesa — e consiste em dobrar folhas de papel em formas e figuras diferentes. Dito assim, parece fácil, mas há um primeiro nível de dificuldade: não se usa cola. E um segundo nível de dificuldade: não se sua tesoura. No dia 11 de novembro assinala-se o Dia Mundial do Origami e, para assinalar a data, o Museu do Oriente, em Lisboa, organizou dois workshops para todos os que quiserem apreender a transformar folhas de papel em gansos ou flores.
O primeiro workshop irá decorrer na própria quarta-feira e será dedicado ao origami clássico japonês. Das 15h às 17h, os participantes poderão aprender a fazer katashiros, os origamis mais tradicionais, ligados ao culto xintoísta. Os katashiros são, ainda hoje, colocados nos templos xintoístas no Japão, como símbolo da união com a divindade. A aula custa 20 euros.
Ainda este mês, no dia 21, irá decorrer no museu o segundo workshop, desta vez dedicado ao outono. Nesta aula, os alunos poderão aprender a dobrar folhas de papel em forma de folhas ou frutos, inspirados no trabalho do mestre origamista Akira Yoshizawa. O workshop irá decorrer entre as 10h30 e as 12h30. O custo é também de 20 euros.
Para o caso de não poder assistir aos workshops organizados pelo Museu do Oriente, o Observador preparou-lhe um esquema para que possa fazer o seu próprio origami (escolhemos um urso, esperemos que goste). O processo é muito simples, basta seguir as instruções:
Tudo começou no ano 105 d.c.
Não se sabe ao certo quanto terá surgido o primeiro origami, mas acredita-se que a prática seja tão antiga quanto o próprio papel. Este diz-se ter sido inventado por volta do ano 105 d.C. na China, por um eunuco chamado Cai Lun. Apesar disso, evidências arqueológicas apontam para que seja ainda mais antigo. Na China, o exemplo mais antigo desta arte é o yanbao, um origami dobrado em forma de pepita de ouro que costuma ser queimado e oferecido aos mortos.
A prática de dobrar papel terá chegado ao Japão com a introdução do papel por monges budistas, no século VI. Foi neste país que o origami (das palavras japonesas ori, dobrar, e kami, papel) se transformou numa forma de arte. Porém, como o papel era caro e não estava acessível ao grande público, este era apenas usado para rituais religiosos ou para cerimónias formais.
O papel chegou à Europa no século VIII, mas a primeira referência a um origami só terá surgido muito mais tarde, no livro De Sphaera Mundi, do astrónomo Johannes de Sacrobosco. Publicado em 1490, o livro inclui uma imagem de um barco que é muito parecido com um origami tradicional, semelhante a um chapéu. Foi a partir da Europa que o origami chegou ao continente americano. Os diagramas, que descrevem a forma correta de dobrar as folhas de papel, foram criados nos anos 50 por Akira Yoshizana e Sam Randlett. O padrão de símbolo permanece essencialmente o mesmo e é ainda usado nos diagramas de origami criados hoje em dia.
Os origamis de Eric Joisel
Na fotogaleria em cima mostramos-lhe alguns exemplos dos origamis de Eric Joisel (por cortesia de Jamie Kelley, responsável por uma página no flickr com trabalhos do artista em www.flickr.com/photos/133381670@N07/). O artista francês, que morreu em 2010, usava papel e água para fazer as suas esculturas. Impressionado com o trabalho de Akira Yoshizawa, Joisel dedicou-se aos origamis depois de ficar sem emprego. Por vezes, passava anos a preparar uma escultura. Chegou a expor os seus trabalhos no Museu do Louvre e o New York Times considerou-o “um dos mais relevantes artistas de origami do mundo”.
Eric Joisel começou por fazer esculturas de animais e, mais tarde, passou para figuras humanas cada vez mais elaboradas. Neste vídeo, veja-o a explicar a forma como trabalha.
https://www.youtube.com/watch?v=v4fLzPHiTjc