Lembra-se de “Patchouly”, dos Grupo de Baile? De “Amor”, dos Heróis do Mar? De “Robot”, dos Salada de Frutas? Claro que sim. São músicas que marcaram o seu tempo e que, por serem as que tiveram maior sucesso, acabaram por ser recordadas até hoje. Mas, fora deste repetitivo circuito da nostalgia, escaparam muitas canções deliciosas.

Todas as músicas deste artigo estiveram, por momentos, na boca e ouvidos dos portugueses — mas acabaram por cair no esquecimento. Nós fomos recuperá-las. Não têm nada que agradecer. De qualquer maneira, continuam tão encantadoras como no momento em que as escutámos pela primeira vez na rádio.

Taxi — Sing Sing Club

O fenómeno foi analisado sucintamente pelos Taxi, numa música que resume bastante bem cada uma das canções referidas neste artigo: a maioria dos sucessos são como uma chiclete, nós provamos, mastigamos e deitamos fora. “Sing Sing Club”, que faz parte de Salutz (o álbum mais electrónico da banda) não foi excepção. Depois deste disco, a banda nunca mais foi a mesma, só voltando a lançar um disco passado quatro anos (1987) em inglês. Se este disco tivesse tido mais sucesso, provavelmente a história teria sido diferente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

https://www.youtube.com/watch?v=oLlWwKJ42Sw

Dina — Pérola Rosa Verde Limão Marfim

Armando Gama (na altura nos Sarabanda) ou Herman José tratavam-na por “Meia dose” mas nunca foi meia artista. Dina tem duas músicas das quais nunca nos esquecemos: “Há sempre música entre nós” e “Amor de Água Fresca”. Estes sucessos, que nunca nos enjoaram, foram lançados com onze anos de diferença, anos recheados de músicas orelhudas que nunca chegaram onde poderiam ter chegado. “Pérola rosa verde limão marfim” chegou a morar nas rádios, mas não por muito tempo.

Kriskopke — Kodak

Os Sarabanda não eram só Armando Gama, também eram Cristiana Kopke. Para além de namorados também chegaram a participar no Festival da Canção de 1980. Com o fim da relação, chegou também o fim dos Sarabanda. Depois disso, para além de ter escrito letras para várias músicas de outros artistas, como “Há sempre música entre nós”, de Dina, lançou o seu primeiro disco a solo. A música mais orelhuda foi “Kodak”. O nome da música é calão para um acontecimento memorável, um acontecimento como esta música.

Ban — Irreal Social

É dificil de perceber porque é que os Ban, apesar de todo o seu sucesso, hoje em dia parecem um pouco esquecidos abaixo de Coimbra. Poucas bandas nacionais chegaram à sua qualidade e foram bastante injustiçados pelo tempo. Será que foi porque o seu vocalista e o actual presidente do Boavista Futebol Clube são a mesma pessoa? Uma coisa é certa, se tivessem tido a fama que mereciam talvez o clube nem chegasse a ser campeão na época de 2000/2001.

Da Vinci — Hiroxima Meu Amor

Conquistaram o primeiro lugar com a participação no Festival da Canção da RTP de 1989 mas no primeiro disco, anos mais cedo, pareciam já estar preparados para o sucesso. Antes da grande epopeia estavam inspirados pela nova vaga de cinema francês e apareceram com  “Hiroxima meu amor”. Alguém se lembra?

DR Sax — Não Me Esqueci

O grupo do Porto existiu no contraste entre a timidez do seu vocalista, agora conhecido como SirAiva, e a vivacidade da sua música. Por vezes esquecemos coisas que nos apaixonaram. Tornam-se foleiras, seguimos em frente ou simplesmente deixam de existir dentro da nossa cabeça. Esta não é uma dessas.