A resposta de António Lamas a João Soares chegou esta sexta-feira pelo Público: “Não me demito quando acredito em alguma coisa. Não está na minha natureza”, afirmou o presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), que também chefiava a Estrutura de Missão da Estratégia Integrada de Belém extinta pelo atual Governo. O problema é que o ministro da Cultura afirmou, em entrevista ao Expresso, que o eixo Belém-Ajuda era “um disparate total” e que António Lamas deveria “tirar as devidas consequências” da extinção deste projeto, ou seja, demitir-se.
Contactado pelo Público, o Ministério da Cultura confirmou o que já tinha sido avançado por João Soares, adiantando que “o ministro da Cultura não recebeu qualquer pedido de demissão ou indicação de colocação do lugar à disposição. Tendo em conta a sua pública reprovação do referido plano, o ministro agirá em conformidade com a lei”.
Uma das críticas de João Soares passa pelo “dinheiro à fartazana” que foi gasto a propósito do eixo Belém-Ajuda, sem que a Câmara Municipal de Lisboa tivesse sido ouvida. António Lamas, por sua vez, nega, afirmando que reuniu várias vezes com vereadores. Contactada pelo Público, a Câmara Municipal de Lisboa não comentou este ponto.
O presidente do Centro Cultural de Belém diz que entregou um plano para o eixo a João Soares e que pediu para que fosse marcada uma sessão pública, mas tal não chegou a acontecer. Lamas lidera o CCB desde 2014 e afirma que tem vindo a lançar uma série de medidas para otimizar a gestão do centro.
Admitindo que, nos últimos anos, a oferta cultural do tem vindo a perder impacto, refere que é preciso um diretor de programação e parcerias com instituições como a Gulbenkian, o Teatro Nacional de S. Carlos, a Casa da Música e a Companhia Nacional de Bailado.
O Orçamento do Estado para 2016 prevê uma verba de 19 milhões de euros para o CCB, mais 2,5 milhões do que no ano passado. A estratégia de desenvolvimento integrado do polo cultural e turístico do eixo Belém-Ajuda, que o Governo agora extinguiu, tinha custos que rondavam apenas 220 mil euros e que, de acordo com António Lamas, tinham sido autorizados pelo secretário de Estado da altura, Jorge Barreto Xavier.