School of Seven Bells

SVIIB

Há tributos feitos de cinzas. SVIIB é o quarto e, provavelmente, o último disco da carreira de um trio formado em 2007 em Nova Iorque, composto pelas gémeas Deheza (Claudia e Alejandra) e Benjamin Curtis. Juntos gravaram apenas dois álbuns, Alpinisms em 2008 e Disconnect from Desire em 2010. No final desse ano Claudia Deheza abandonou o grupo, o casal Alejandra e Benjamin seguiram juntos na vida e na música e gravaram ainda um terceiro, Ghostory, em 2012. Um ano depois, Benjamin Curtis morreu, com 35 anos, vítima de um linfoma.

Este SVIIB é um disco construído a partir de algumas ideias e gravações finais de Curtis, finalizado por Alejandra com a ajuda do produtor Justin Meldal-Johnsen (M83, Nine Inch Nails). Ela fez das letras deste disco uma homenagem à vida e talento de Benjamin, mas musicalmente resultou num tributo que respeita o estilo musical da banda em todos os momentos anteriores: dream pop a várias velocidades, com aquela voz que parece vinda do espaço, uma fórmula inteligente porque se repetiu sem nunca cansar.

E se SVIIB não é o mais brilhante dos discos dos School of Seven Bells, é nele que estão, provavelmente, as últimas canções de uma das bandas dream pop mais interessantes dos últimos 10 anos.

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LNZNDRF

LNZNDRF

aqui tínhamos feito o anúncio e a amostra revelou-se um espelho fiel do disco de estreia dos LNZNDRF. De quem? Do trio formado pelos irmãos Bryan e Scott Devendorf (dos The National) e Ben Lanz (dos Beirut). A sopa de letras que dá nome à banda resulta do cruzamento dos respetivos apelidos e pronuncia-se Lanzendorf.

São pormenores que dão graça a um disco denso, com muitas camadas de rock por vezes ruidoso mas nem por isso demasiado exigente. Este primeiro álbum pode bem ser visto como um exercício sonoro exploratório, tem nele pinceladas das bandas de que fazem parte mas não cai na tentação da cópia. LNZNDRF é uma revelação de talento, nas mãos e mentes desta gente paira muito mais que apenas um serviço.

Wild Nothing

Life of Pause

Os Wild Nothing são hoje um quinteto norte-americano que gira em torno da mente criativa de Jack Tatum, um mestre na arte do indie/dream pop desarrumado, uma espécie de shoegaze mal amanhado mas nem por isso fora de tom. Life of Pause é o terceiro álbum de estúdio em sete anos de carreira, tem 11 canções com poucas pausas e onde a ordem da audição é praticamente irrelevante. Há álbuns que para ser bons só precisam de ser assim, um punhado de boas canções.

Os Wild Nothing vão regressar este ano ao NOS Primavera Sound, no Porto, por onde passaram em 2013. Um bom exemplo da desordem que nos espera é o vídeo que se segue, um dois em um feito de momentos tão distantes quanto próximos. Depende da ordem.

Animal Collective

Painting With

Ao 10º álbum, a banda de pop esquizoide regressa ao formato trio. David Portner, Brian Weitz e Noah Lennox (o senhor Panda Bear) voltam a oferecer mais uma paleta cheia de tons, a partir dos quais desenham a música experimental que fizeram deles um caso de sucesso. Nada de novo. Desde 1999 que seduzem pelo modo como brincam com a música eletrónica, complexa na estrutura e no ritmo, o que resulta invariavelmente em harmonias alucinadas. Como se isso não bastasse, neste Painting With juntaram à pintura o talento de John Cale. Também entre nós o sucesso da banda é inquestionável, por isso temos poucas dúvidas que vão levar muita gente ao Parque da Cidade no Porto, no próximo mês de junho.

Breakbot

Still Waters

Começou por ser o projeto do DJ e produtor francês Thibaut Berland, mas neste segundo álbum já integra a tempo inteiro o compatriota Irfane, que é a voz que acompanha o produtor que faz tudo o resto menos cantar. Still Waters começa com um fenómeno que não é raro: um tema de onde é difícil sair. “Back for More” está tão bem feito que quase suga tudo o resto, só à enésima tentativa lá seguimos nesta dança que é, acima de tudo, uma experiência revivalista. Quem disse que o disco sound passou de moda? Pelo contrário, de vez em vez lá se aproveita a onda, refina-se com o funk, veste roupa em tons fluorescentes e aqui vai disco, siga a dança.

Deolinda

Outras Histórias

Ao quarto álbum, a família que tem Ana Bacalhau como rosto e voz reafirma-se no panorama da música portuguesa contemporânea. Encontram-se neste disco a mania de sempre em “fazer pop com tiques de rua boémia, tascas vadias e tradição”, um caminho seguro e cada vez mais polido, como sobressai da crítica que aqui fizemos. Outras Histórias é um “precioso jogo de palavras e sons que tem tudo para ser uma das farras deste ano”. Bailemos.