A internacionalização das startups portuguesas de base tecnológica foi um dos tópicos cruciais do programa Ativar Portugal Startups 2016, uma iniciativa da Microsoft, que decorreu a 6 de abril. No workshop How to Go International, que ocupou parte da tarde, quatro delegados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Berlim, Londres, São Francisco e Nova Iorque partilharam sugestões e recomendações para as startups portuguesas que querem apostar no mundo.

Londres – o maior ecossistema de startups na Europa

Londres acolhe mais de cinco mil startups, número que coloca a cidade no topo dos ecossistemas de empreendedorismo europeus, com um valor aproximado de 45 mil milhões de euros. Mais de 50% dos empregos no ecossistema são ocupados por estrangeiros. A capital inglesa é anfitriã da Tech City UK, a maior cluster de startups, depois de Nova Iorque e São Francisco, com programas de mentoring customizados, e a Level 39, a maior aceleradora tecnológica de startups da Europa.

Miguel Fontoura, delegado da AICEP em Londres, sublinha as vantagens de uma startup portuguesa expandir o seu negócio para esta cidade, como a grande capacidade de financiamento, a consistência do apoio governamental e a sólida carteira de grandes empresas e de consumidores afluentes. Porém, antes de abordar um potencial investidor, Miguel Fontoura aconselha os empreendedores a pesquisarem a fundo o investidor e a empresa para evitar armadilhas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os contactos por LinkedIn e por Twitter são formas mais rápidas, concisas e assertivas de comunicar, evitando que um e-mail inicial mais extenso vá parar ao lixo. Acima de tudo, o primeiro contacto deve estimular o interesse do investidor, pelo que treinar o pitch – o termo provém da expressão «elevator pitch» e designa a capacidade de o empreendedor conseguir vender a sua ideia durante o tempo que dura uma viagem de elevador – é essencial.

Berlim – o segundo maior ecossistema da Europa

Berlim continua a ser o maior ecossistema de empreendedorismo na Alemanha e, no panorama europeu, esta cidade surge a seguir a Londres no que respeita a investimentos de capital de risco em startups de base tecnológica e media digitais. Nos últimos dez anos, apoiou 27 startups fundadas noutros países.

BERLIN - OCTOBER 22: City landmarks as the Berlin television tower (TV) are pictured on October 22, 2010 in Berlin, Germany. (Photo by Andreas Rentz/Getty Images)

BERLIN /Andreas Rentz/Getty Images)

Delivery Hero, um serviço de entrega de refeições online, a conhecida plataforma online de publicação de aúdio Soundcloud e a Wimdu, sistema online de reservas de apartamentos e quartos, ocupam o top 10 de startups por investimento acumulado. A Associação Alemã de Startups reúne mais de 60 investidores, reflexo de um posicionamento estratégico no empreendedorismo.

Segundo Pedro Macedo Leão, delegado da AICEP em Berlim, existe uma larga rede de serviços de apoios disponíveis para as startups, que inclui business angels, aceleradores, incubadoras locais e empresas internacionais de capital de risco. «Os investidores são atraídos pela forte concorrência que ajuda a impulsionar a inovação», explica.

Os empréstimos iniciais («startup loans») são, na sua opinião, a melhor opção para começar e estão disponíveis quer no banco Kfw central quer nos bancos estatais regionais. Os empreendedores podem também candidatar-se online ao Gründercoaching Deutschland, um programa de treino para o empreendedorismo promovido pelo banco Kfw, ou contactar a rede Gründet B! – uma associação de institutos universitários sediada em Berlim. A cidade oferece cerca de 15 espaços de coworking a quem não quiser aventurar-se num espaço próprio.

EUA – entrar na Silicon Valley

As parcerias ao nível da investigação e de programas doutorais têm atraído investigadores portugueses para os EUA. São exemplo disso os programas UT Austin Portugal, Carnegie Mellon, Harvard Medical School, MIT Portugal ou o Portugal Ventures em Boston e Silicon Valley.

O investimento norte-americano de capital de risco em startups alcançou cerca de 59 mil milhões de dólares em 2015. Rui Boavista Marques, delegado da AICEP em Nova Iorque, aconselha os empreendedores portugueses a escolherem os EUA para expandirem o seu negócio apenas se tiverem as condições financeiras e legais para lançar o seu produto ou serviço.

Neste caso, é essencial ter uma equipa e escritório locais, que assegurem a operacionalização e o marketing, um advogado norte-americano para tratar de todas as questões legais e imigratórias, e abrir uma conta bancária no país após o registo da startup nos EUA.

Filipe Costa, delegado da AICEP na Califórnia (este estado norte-americano é considerado, só por si, a oitava economia mundial), aconselha as startups portuguesas a apostarem por excelência no mercado da inovação e da tecnologia: Silicon Valley. Este vale representa 44% do venture capital investido nos EUA e 16% das patentes registadas nos EUA. Antes de se deslocarem a Silicon Valley, Filipe Costa aconselha os empreendedores a prepararem os contactos com antecedência e a afinar o pitch nesses contactos.

As startups de origem portuguesa em Silicon Valley «têm demonstrado ótimos resultados para Portugal», afirma Filipe Costa, dado que «levantam a maioria ou totalidade do financiamento nos EUA, investindo fortemente em Portugal onde criam emprego qualificado e ajudam a desenvolver uma cultura de empreendedorismo que atrai mais startups e gera riqueza».