É o maior túnel rodoviário da Península Ibérica, tem quase seis quilómetros e o processo de adjudicação da obras começou em 2009, com José Sócrates. Sete anos depois, é António Costa quem o inaugura, na companhia do ex-primeiro-ministro José Sócrates que não poupa nos adjetivos: falou da “vergonha que todos têm em falar em investimento público” e da “decência democrática”, que voltou.
Sobre o convite de António Costa para participar na inauguração, Sócrates afirmou que chegou o momento em que se voltou “à decência democrática”, aquele em que o Governo “agora faz convites, como fazia antigamente”, sublinhando que aceitou o convite de Costa por respeito ao Governo e aos portugueses.
O ex-primeiro-ministro, que é arguido na Operação Marquês, respondeu ainda a Pedro Passos Coelho, que declinou o convite de António Costa para estar presente na inauguração. “Acho que o antigo primeiro-ministro não percebeu o simbolismo que tem esta obra pública”, referiu Sócrates, a propósito de Passos Coelho ter afirmado que se fosse o atual chefe de Governo “não estaria” na inauguração do túnel.
“Como foi possível termos demorado tantos anos a fazer aquilo que os transmontanos mereciam, que era justiça e igualdade? Igualdade para terem acesso àquilo que as sociedades contemporâneas podem proporcionar”, disse José Sócrates, acrescentando que “lamenta muito que o anterior Governo tenha suspendido este túnel apenas para favorecer os bancos”.
“Estas duas palavrinhas ‘investimento público’ são muito importantes e parece que ninguém tem coragem para as dizer. O que o país precisa é mesmo de investimento público. Porque para recuperar investimento, acho muito difícil [consegui-lo] só com investimento privado”, afirmou José Sócrates.
E acrescentou:
“Esta obra tem um significado de maior importância, um simbolismo que não é apenas de mais uma obra pública. Significa que, de uma vez por todas, pomos termo a um tempo em que havia ‘os de cá’ e ‘os de lá’. Esta obra significa um reencontro do país consigo próprio”, afirmou.
José Sócrates lembrou que em 2005 morriam 22 pessoas por ano naquelas estradas e que as previsões apontam para que, com o túnel, esse número caia para entre 0 e 1 pessoas. “O país fez um esforço e investimento para poupar vidas”, afirmou.