Apresentado como um SUV compacto e urbano, concebido para a condução do dia-a-dia, descontraída e até divertida, o Q2 é a resposta da Audi à crescente procura num segmento – o dos pequenos SUV – do qual os principais rivais “premium”, BMW e Mercedes, continuam ausentes. Quanto muito, defende o fabricante de Ingolstadt, apenas a Mini, com o Countryman, poderá ser considerada uma espécie de rival.
A justificar tal ideia, o facto de o Q2, embora utilizando como base a mesma plataforma e ligações ao solo do Audi A3, ser mais curto 5 cm que o hatchback (4,19 m é o comprimento total), imitando-o apenas na largura (1,79 m) e na distância entre eixos (2,60 m). Supera-o, depois, na distância ao solo (1,45 cm), altura (1,51 m) e peso (1.205 kg, ou seja, mais 25 kg que o A3), mas ainda assim com vantagens (mínimas) no coeficiente de aerodinâmica – 0,30 é o valor anunciado para este crossover compacto, contra os 0,31 do A3.
Esteticamente, o novo modelo assume uma postura irreverente, a transparecer solidez e personalidade, fruto sobretudo de uma frente marcante, da qual fazem parte uma grelha Singleframe específica e ópticas em cunha (halogéneo de série, full LED em opção). O perfil lembra um coupé graças a um pilar C largo, e que pode ser em cor contrastante. A linha de cintura é subida e as cavas das rodas salientes (jantes de 16” de série), para terminar numa traseira que será a parte menos consensual do conjunto, na nossa opinião, devido à opção por uns farolins quadrados – com pouco em comum com as soluções encontradas na grande maioria dos modelos da marca.
30 mil euros é a referência
↓ Mostrar
↑ Esconder
Decorrem ainda as conversações entre a SIVA e a Audi AG, tendentes à definição não apenas dos preços do novo Q2, como àquilo que será o equipamento base, além das diferentes linhas de equipamento. Face à inexistência de dados novos, mantém-se a informação apurada aquando da passagem do modelo por Lisboa, ainda em versão de pré-série, segundo a qual a motorizacão de entrada no diesel, 1.6 TDI, certamente a mais procurada entre nós, deverá ter um preço a rondar os 30 mil euros. Já no que concerne às motorizações a gasolina, o Q2 equipado com o 1.0 TFSI deverá custar cerca de 3.000€ menos que o 1.6 TDI.
Já no interior do habitáculo, a qualidade de construção e de materiais é irrepreensível, similar aos outros produtos de Ingolstadt, que no Q2 é destacada através de linhas minimalistas, rectilíneas e fortemente ergonómicas, em que tudo parece estar no sítio certo e às ordens – principalmente – do condutor. O ambiente a bordo é claramente jovem, espírito que pode ser reforçado com inserções decorativas (no tablier, nas laterais da consola sobre o túnel de transmissão, na pega das portas, entre outras). A contribuir para a irreverência está também a iluminação interior colorida.
Pequeno, mas bem equipado
Falando de equipamento, as diferentes configurações previstas para o nosso país não estão ainda definidas, sendo certo apenas que tudo começará numa versão base, à qual será possível depois acrescentar uma de duas linhas de equipamento (Sport ou Design), além de um pacote S Line e muitos outros opcionais. Destaque para a possibilidade de instalar tecnologias que, hoje em dia, são especialmente valorizadas, como é o caso do Audi Virtual Cockpit ou do Audi connect com cartão SIM integrado, que transforma o automóvel um verdadeiro hotspot Wi-Fi para até oito “smartphones”, “tablet” ou computadores portáteis. Ou ainda o “head-up display” – tecnologia que o A3, por exemplo, não dispõe – e o mais vulgar sistema de info-entretenimento MMI com ecrã retráctil e comando rotativo, correctamente posicionado sobre o túnel de transmissão que, opcionalmente, pode incluir o sistema de navegação com imagens do Google Maps – solução simplesmente excelente.
Oferecendo ao condutor uma óptima e confortável posição de condução, com banco e volante ajustáveis em altura, e este último igualmente em profundidade, o Q2 não esquece também os restantes ocupantes, para os quais tem reservada uma habitabilidade de bom nível. Apenas o quinto lugar, o do meio, se pode queixar de não desfrutar do mesmo grau de conforto dos restantes ocupantes do assento posterior.
À bagageira, de amplo acesso, não falta espaço, com o pequeno SUV a oferecer mais 45 litros de capacidade que o A3 – 405 litros é o valor anunciado, embora seja possível atingir 1.050 litros, mediante o rebatimento das costas do banco traseiro.
Mecânicas para todos os gostos. E poupadinhas
Motores
↓ Mostrar
↑ Esconder
Tendo o “best-seller” A3 como ponto de partida, ao qual vai buscar plataforma e ligações ao solo, o Audi Q2 repete essa mesma política no que aos motores diz respeito. Assim, e além do 1.0 TFSI e do 1.6 TDI, ambos com 116 cv de potência, embora com o diesel a oferecer mais binário (250 Nm, contra 200 Nm do tricilindrico TFSI), existe a possibilidade de optar pelo também já conhecido 1.4 TFSI a gasolina, com 150 cv e 250 Nm de binário. Bloco que beneficia da tecnologia que permite desligar um dos quatro cilindros (“cylinder-on-demand”) para maior poupança, podendo ainda acoplar opcionalmente uma caixa automática S tronic de sete velocidades. Esta solução – 1.4 TFSI com caixa S tronic – é, de resto, a única para a qual a Audi já possui consumos e emissões de CO2 homologadas, respectivamente 5,2 l/100 km e 119 g/km.
Já nos diesel, a oferta conta ainda com o conhecido 2.0 TDI, em duas variantes de potência, 150 e 190 cv, com a primeira a anunciar um binário máximo de 340 Nm, ao passo que a segunda eleva a cifra para os 400 Nm. Ambas as versões, associadas de série a caixas manuais de seis velocidades, podem receber opcionalmente a caixa S tronic.
Em Portugal, onde o modelo chegará apenas em Novembro, o Q2 surgirá com uma oferta em termos de motorizações que em nada se diferenciará daquela que é já conhecida no A3, e que passa basicamente por dois blocos TFSI a gasolina e três TDI a gasóleo. À partida, os propulsores mais apetecíveis para o mercado português serão o tricilíndrico de apenas 1 litro, o 1.0 TFSI com 116 cv, e o mais pequeno dos diesel, o 1.6 TDI, com a mesma potência. Ambos estão disponíveis, de série, com tracção dianteira e caixa manual de seis velocidades.
Cumprida cerca de uma centena de quilómetros com qualquer uma das motorizações, confirmámos a validade de ambas enquanto opções para quem pretenda fazer deste Q2 o seu automóvel de todo os dias. A unidade 1.0 TFSI mostrou-se mais refinada, mercê de um trabalhar quase imperceptível, embora os seus 200 Nm de força (binário) estivessem sempre presentes para responder, com uma subida de regime linear e despachada, à grande maioria das exigências. Beneficiando igualmente, é certo, do peso-pluma que este “mini-SUV” reivindica.
Desvantagem face ao 1.6 TDI, sem dúvida, os consumos que, mesmo com uma condução respeitadora dos limites legalmente impostos, não deixam de ficar perto dos 7 litros. Ou seja, bem acima dos pouco mais de 5 litros conseguidos com a motorização diesel, também ela expedita na forma como manifesta os mesmos 116 cv de potência, embora sempre com uma presença mais perceptível, tanto na sonoridade como nas ligeiras vibrações. Coisas de diesel…
Mas se as duas soluções de motorização convencem, tal deve-se também à forma como o Q2 revela uma agilidade e uma desenvoltura apreciáveis, seja no meio do tráfego citadino ou em trajectos mais sinuosos. Trata-se, afinal, do prometido espírito “go-kart” com que os engenheiros da Audi quiseram presentear este Q2 e que, não sendo propriamente parecido ao que é possível sentir, por exemplo, num Mini, não deixa de agradar pela envolvência que proporciona.
Direcção progressiva
↓ Mostrar
↑ Esconder
Num automóvel que basicamente replica os argumentos técnicos do modelo que lhe está na base, o A3, a maior diferença surge ao nível da direcção, que no Q2 é mais evoluída. Segundo os engenheiros da marca, o pequeno SUV conta, de série, com direcção progressiva, ou controlo dinâmico de direcção, solução técnica que torna a direcção mais pesada e precisa à medida que a velocidade aumenta.
Pelo contrário, quando a circular em trânsito citadino ou por estradas mais sinuosas, a direcção progressiva contribui para uma maior agilidade e precisão no definir dos trajectos, sem exigir esforços acrescidos da parte do condutor no volante. Simples, mas com claros benefícios.
A contribuir igualmente para estas sensações, uma direcção mais evoluída que a do A3, com controlo dinâmico a garantir não somente uma melhor adaptação à velocidade, como também um melhor tacto, a par de uma suspensão que, mesmo sem ajudas electrónicas (não possui sequer Audi drive select), não deixa de revelar um excelente compromisso entre desempenho dinâmico e conforto. O qual, refira-se, nem mesmo as jantes de 18” e os pneus de baixo perfil que montavam, nas unidades ao serviço do evento, conseguiam beliscar.
De resto, num dia de muita chuva e por trajectos que incluíam não só auto-estrada, mas também um percurso de montanha nos Alpes suíços, é de salientar ainda a forma segura e eficaz como o pequeno SUV alemão se manteve em estrada, mesmo tratando-se de motorizações com apenas tracção dianteira. Até porque o sistema quattro está reservado só para os motores mais potentes, os únicos a poderem usufruir igualmente da caixa automática de sete velocidades S tronic.
Em suma, um produto que, nem mesmo o facto de se posicionar como modelo de entrada na cada vez maior família Q, o impede de corresponder às elevadas expectativas que qualquer Audi hoje em dia cria. Revela qualidade, conforto, vanguardismo e oferece boas sensações na condução. E, se estiver na disposição de investir um pouco menos de 30 mil euros, que deverão constituir o ponto de partida para a gama deste Q2 em Portugal, é garantido que estará a comprar um Audi que, embora pequeno nas dimensões, não esconde ser grande na ambição.