“Se há um problema de obesidade curricular, se o currículo está gordo, então é preciso fazer dieta”, destacou João Costa, o secretário de Estado da Educação durante o XLI Encontro Nacional das Associações de Pais que decorreu na Trofa.
Para o governante, ainda que Portugal seja “dos países onde os alunos passam mais horas por semana na escola”, o conhecimento não se consolida e “nalguns temas, os alunos não estão a aprender bem”, por falta de tempo.
“Quando começamos a utilizar o conhecimento, a analisar, relacionar, a pensar criticamente sobre o conhecimento e até a produzir e criar conhecimento, temos competências de nível mais elevado, mas que também requerem tempo”, realçou.
É necessário, por isso, uma flexibilização curricular que tem sido alvo de um amplo trabalho de discussão entre a tutela e os diretores de escolas, professores, encarregados de educação, bem como um trabalho legislativo que o secretário de Estado espera estar concluído “ainda durante este ano letivo”.
“Gostaríamos que em 2017/2018 já estivesse a acontecer alguma coisa [ao nível da flexibilização curricular], mas estou mais preocupado com a qualidade do produto que com o calendário. E essa é a minha preocupação principal”, referiu o governante.
Quanto à chamada “obesidade curricular”, referiu que este “não é um problema nacional”, havendo muitos países a lidar com “uma construção de currículo por empilhamento de factos, dados, conteúdos, que fazem falta, mas que depois não se consegue usar”.
João Costa explicou que “para ter tempo para tratar todas as dimensões” é necessário “cortar algures”, mas “cortar não significa deixar de dar”, significa, sim, flexibilizar.
Ainda ao nível da flexibilização curricular, o secretário de Estado salientou a vontade da tutela em dar “autonomia em 25% do currículo” às escolas, que permita um “cruzamento de disciplinas, exploração de temas” ou aprofundamento de trabalho experimental.
Questionado por um representante de uma federação de pais sobre a existência de turmas ainda sem professores, o secretário de Estado respondeu que existe “um problema seríssimo que tem a ver com professores colocados e que não aceitam o lugar”.
“Isto vai ser mudado”, garantiu o governante.