26 de julho de 1979, Seattle, Estados Unidos da América. A polícia de Huntington Beach entra num armazém alugado em nome de Rodney Alcala para investigar a morte de Robin Samsoe, de 12 anos. Os brincos da menina, com quem Rodney manteve contacto ao longo de um mês, foram encontrados junto a centenas de fotografias de mulheres tiradas com a máquina fotográfica do suspeito. Ao fim de 38 anos, uma grande parte dessas mulheres continua por identificar. Muitas delas podem ter sido mortas por Rodney Alcala.

Quase um ano depois de investigação, Rodney Alcala é condenado à morte. A sentença dada a 9 de maio de 1980 não foi cumprida: as atas produzidas em tribunal quatro anos mais tarde sugerem que o assassino escapou à pena capital quando a defesa alegou que “a inclusão do caso de Robin Samsoe em condenações anteriores prejudicou a decisão do júri”. Em 2010, no entanto, a última sessão num tribunal norte-americano pôs Rodney Alcala de volta ao corredor da morte.

Em trinta anos, ficou provado que Rodney Alcala tinha matado sete mulheres. Mas a polícia de investigação acredita que este texano de 74 anos é responsável por muito mais do que isso. Na esperança de encontrar mais pistas que liguem Rodney a outros assassinatos e desaparecimentos, os agentes decidiram publicar as fotos encontrados naquele armazém em 1979 e pedir aos internautas que os ajudem a identificar as centenas de mulheres e crianças que aparecem nas imagens. A coleção inclui fotografias de ex-namoradas, colegas de trabalho ou membros da família. Todas têm menos de 30 anos. De todas as mulheres já contactadas pela polícia de Huntington Beach, “menos de dez admitem ter conhecido este homem pessoalmente”, explica o detetive Patrick Ellis. Há ainda 150 mulheres com paradeiro desconhecido.

Há uma mente retorcida em Rodney Alcala. Mudou-se aos 12 anos para Los Angeles e passou durante algum tempo pelo Exército, de onde foi expulso após lhe ter sido diagnosticado um distúrbio de personalidade. Tinha acabado de licenciar-se em Belas Artes na Universidade da Califórnia, em 1968, quando cometeu o primeiro homicídio: raptou, violou e espancou uma rapariga de 8 anos. E fugiu. Foi para Nova Iorque, onde aprendeu cinema com Roman Polanski e voltou a entrar na universidade. Pouco depois, Rodney Alcala voltou a ser suspeito de violar e matar uma rapariga de 13 anos. Nesta altura, intitulava-se “fotógrafo de moda” e trabalhava como freelancer.

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Os psiquiatras que acompanharam o caso de Rodney Alcala dizem que estavam perante um homem destemido. Não havia ponta de timidez nele: se visse uma mulher que o atraísse de alguma forma, abordava-a sem ter medo de ouvir “não”. Deve ter sido assim, em bares ou na rua, que se conseguiu aproximar de Cornelia Crilley, uma jovem hospedeira de bordo de 23 anos que sufocou até à morte em 1971. Foi também assim que matou Ellen J. Hover, de 23 anos, Jill Barcomb, de 18 anos, e Georgia Wixted, de 27.

Rodney Alcala não tinha medo de aparecer. Inscreveu-se no programa ” The Dating Game”, transmitido em 1978 pela ABC, e convenceu uma das concorrentes, Cheryl Bradshaw, a marcar um encontro com ele. Ela desmarcou-o pouco depois: nos bastidores, Cheryl disse à produção que Rodney Alcala era “arrepiante”. Estava certa: ao longo de algum tempo de obsessão por Cheryl, Rodley matou Charlotte Lamb e Jill Parenteau, de 21 anos. A polícia só o conseguiu travar em 1979. Está desde então na Prisão Estadual de San Quentin.

É possível e muito provável que Rodney Alcala tenha matado mais do que já foi provado, mas o seu quociente de inteligência de 135, e “muita sorte”, está a impedir as autoridades de encontrar provas conclusivas. A polícia pede a qualquer pessoa que reconheça alguma destas mulheres que envie as informações que tiver para o detetive Patrick Ellis através do e-mail “pellis@hbpd.org” ou do telefone “714-375-5066”. Algumas das fotografias estão na fotogaleria lá em cima. As restantes podem ser encontradas neste link.