“Portugal lançava navios, agora lança startups.” É assim que Edward Robinson, jornalista da Bloomberg, arranca o artigo que escreveu sobre o ecossistema de startups português, da “nação pequena que há muito se debate com uma economia estagnada e uma banca stressada”. Como rostos do movimento, as histórias de Jaime Jorge e João Caxaria, da Codacy, de Carlos Silva e Jeff Lynn, da Seedrs, da Hole19, da Uniplaces, da Feedzai ou da CrowdProcess. O palco: a cidade de Lisboa.
Para a Bloomberg, o Instituto Superior Técnico é um dos culpados pela mudança de atitude dos portugueses, porque “está a ensinar aos alunos a arte do empreendedorismo em vez de os direcionar para carreiras em empresas multinacionais”, lê-se. E apesar de considerar que o ecossistema tecnológico ainda é pequeno – com investimentos na ordem de 18,5 milhões de dólares em 2016 -, assinala o “salto” que Portugal deu face ao ano anterior.
Edward Robinson destaca também o papel de João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria e ex-diretor da Startup Lisboa, como “o padrinho” do ecossistema português, e o facto de mais de 50 mil pessoas terem viajado para Lisboa por causa da Web Summit. E escreve que “no que diz respeito a estratégia, as startups portuguesas têm a habilidade de se expandirem internacionalmente logo no início, um traço que está enraizado na história de uma nação de marinheiros e que é uma potência comercial”.
Mas o verdadeiro teste ainda está para vir, escreve Edward Robinson, quando daqui a alguns anos a geração dos fundadores destas startups conseguir rondas mais elevadas de investimento em Silicon Valley, Londres ou Singapura. “Se estes empreendedores regressarem com capital para criar mais produtos, mais empregos e mais riqueza, vão estar a caminhar para que as suas apostas se tornem consistentes.”
Com o Brexit, o domínio de Londres como a principal capital tecnológica da Europa pode vir a sofrer concorrência (portuguesa). “Perder acesso ao mercado único europeu pode fechar os planos de crescimento dos fundadores que tiverem intenções de utilizar o Reino Unido para se expandirem na Europa. E perder os direitos de livre-circulação que permite aos cidadãos da União Europeia estabelecerem-se no Reino Unido também pode afetar”, lê-se.
O ecossistema português de startups tem estado em especial destaque na imprensa internacional. A portuguesa Uniplaces foi destacada pela BBC na segunda-feira e a igualmente portuguesa Knok Healthcare foi considerada uma das 10 startups que está a revolucionar a saúde, pela publicação de referência na área de tecnologia Wired.