A conselheira das comunidades portuguesas na Venezuela, Maria de Lurdes Almeida, disse que a situação vivida atualmente no país é crítica, com falta de comida e de medicamentos, os portugueses estão apreensivos e o futuro “é incerto”.
“A situação na Venezuela é crítica, não só para as comunidades portuguesas, mas para todos os que lá residem, pois estamos a passar pelas mesmas situações”, declarou à Lusa Maria de Lurdes Almeida, membro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP).
A conselheira fez estas declarações na abertura da reunião Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), que se realiza entre hoje e sexta-feira, na Assembleia da República, em Lisboa.
“Estamos a passar uma situação crítica de desabastecimento, tanto a nível de medicamentos como alimentar, e a insegurança que tem avançado dia após dia. Agora, as ruas estão incendiadas, dos dois lados, o que ainda é pior”, sublinhou a conselheira.
Desde 04 de abril que as manifestações a favor e contra o Governo venezuelano se têm intensificado. A oposição tem protestado para exigir a convocação de eleições gerais no país, a libertação dos presos políticos e o fim da repressão.
De acordo com as autoridades venezuelanas, na violência registada nos protestos antigovernamentais nas últimas semanas morreram 26 pessoas, 437 ficaram feridas e 1.289 foram detidas, das quais 65 permanecem presas.
O Supremo Tribunal da Venezuela pediu na terça-feira a resolução de conflitos através do diálogo e condenou a violência registada nas manifestações antigovernamentais nas últimas semanas.
A Amnistia Internacional (AI) alertou hoje (26 abril) que as autoridades venezuelanas utilizam a justiça para perseguir e punir dissidentes e líderes da oposição, no que a organização diz ser uma “caça às bruxas”, quando aumentam os protestos violentos no país.
A chefe da diplomacia da Venezuela, Delcy Rodríguez advertiu na terça-feira que o país vai retirar-se da Organização dos Estados Americanos (OEA) caso o bloco realize uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, prevista para hoje, sem o aval de Caracas.
“Estamos a viver um clima de incerteza, não sabemos aonde vai parar tudo isso, seja para um lado, seja para o outro, o futuro está-se a ver muito incerto, pois não sabemos o que vai suceder de um momento para outro”, declarou Maria de Lurdes Almeida.
De acordo com a conselheira, “a comunidade portuguesa, como toda a população venezuelana, está muito apreensiva. Os jovens estão a sair do país, para buscar um futuro melhor”.
Sobre o controlo governamental venezuelano da produção na área da panificação, disse que “praticamente 80% do setor está nas mãos dos portugueses, que têm sido afetados nestes últimos tempos”.
“Está a ser muito grave e estão a sofrer todas as consequências. Isso porque não há farinha e quando há, o Governo, há cerca de três semanas para cá, cismou que tem de fiscalizar, mandou os ficais para todas as pastelarias, padarias existentes”, referiu a conselheira.
“A pouca farinha que chega, são eles que decidem o quanto faz disso ou daquilo, os comerciantes, não podem fazer aquilo que querem. Obviamente isso atenta contra o comércio das padarias, atenta contra os benefícios que poderá dar um estabelecimento, que não está a dar”, sublinhou ainda.
Maria de Lurdes Almeida disse que os portugueses do setor da panificação “estão a aguentar, estão abertos porque senão são expropriados”.
“Mas vamos ver quantos vão poder aguentar”, afirmou.
Maria de Lurdes Almeida disse ainda que irá pedir uma audiência em particular com o secretário de Estado das Comunidades para discutir a situação na Venezuela.