No final da cerimónia de inauguração do Pavilhão João Rocha, algumas assistentes fizeram percorrer uma longa fita verde por todas as bancadas. O ato simbólico do “cortar de fita” tocou a todos. Mas podia ter percorrido ainda muito mais metros. Porquê? Porque antes do Pavilhão houve a rua Mário Moniz Pereira, houve os campos Fernando Peyroteo, Luís Figo e Cristiano Ronaldo, houve a rotunda Visconde de Alvalade. Foi um dia especial, marcante, que teve como grande epílogo o recinto que albergará 3.000 espetadores para assistirem a jogos de andebol, futsal hóquei em patins e voleibol (e o basquetebol pode ser uma mera questão de tempo).

“Vou quebrar o protocolo, mas desta vez sei que há gravadores e ninguém vai ficar chocado”, atirou Bruno de Carvalho, presidente dos leões, sem esquecer o recente caso da conversa em off com os jornalistas que se tornou pública (sem que ninguém saiba ainda como). Vai daí, chamou Pedro Portela, uma das principais figuras da equipa campeã nacional de andebol, e juntos repetiram o cântico consagrado na festa do título, em Odivelas. “Como vai ser bom comemorar aqui títulos e títulos, vai ser fantástico vibrar com as nossas vitórias”, vaticinou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

https://www.youtube.com/watch?v=mq45GoWP6jA

“Este é o melhor, o maior e o mais bonito pavilhão de clube em Portugal e isso é um orgulho. Como disse no lançamento da primeira pedra, iríamos ter um pavilhão Doyen a quem doer. E cá temos, é nosso!”, destacou, recordando a polémica na altura da transferência de Marcos Rojo, antes de dar a palavra a Margarida Rocha Folque, filha de João Rocha, que teve um discurso emocionado que arrancou muitos aplausos entre todos os presentes.

“Para mim é um orgulho e uma tristeza estar aqui em representação da minha família. Um orgulho porque o Sporting continua a reforçar as suas estruturas e projeta um futuro promissor. Este pavilhão vem reforçar o ecletismo do clube. Mas é uma tristeza pelo facto de não termos hoje o meu pai connosco”, começou por dizer, prosseguindo: “O meu pai tinha uma frase que aqui relembro: ‘Nunca, durante 13 anos, aceitei honras especiais porque o que fazia era por pura honra ao Sporting e nada mais’. Mas fico feliz por esta decisão [de dar nome ao Pavilhão] ter sido ratificada pelos verdadeiros donos do Sporting que são os sócios”.

Sporting. João Rocha, o “eterno presidente” que dá nome ao pavilhão

Por fim, Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, destacou algumas das maiores figuras do ecletismo do Sporting, nomeadamente o célebre ‘Cinco Maravilha’ que foi campeão europeu de hóquei em patins constituído por Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Chana e Livramento, elogiou “a perseverança e determinação de Bruno de Carvalho para arrancar com a obra e transformar o sonho em realidade” e destacou também o papel social que os leões têm para a própria cidade de Lisboa e que aumentará com as novas infraestruturas.

Bruno de Carvalho, visivelmente empolgado pela alegria do momento (“é um dos dias mais felizes da minha vida”, assumiu), voltou então a tomar conta da palavra para encerrar a cerimónia. Citou Fernando Pessoa (“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”), recordou Vítor Araújo, sócio leonino mais devoto ao clube nos pavilhões que faleceu ontem, e não deixou de enviar algumas farpas internas e externas. “Os pavilhões nasceram em reuniões, em entrevistas, em desenhos, em esboços. Enfim, em promessas. Apesar de termos sido sempre bem recebidos, andámos sempre a jogar fora. Isso acabou hoje: 15 anos depois de ter nascido a casa do nosso futebol, que é a Academia, nasce a casa das modalidades com a contribuição de quase 23 mil sócios e adeptos”, disse. “Na cidade de Lisboa, há clubes, há coletividades e há associações. Nós somos um clube, o Sporting Clube de Portugal”, rematou.

Antes da inauguração do Pavilhão, Bruno de Carvalho já tinha falado para destacar a importância das modalidades no ADN do clube. “É um dia histórico. O ecletismo é e sempre será a nossa matriz e o que nos distingue dos outros clubes, que faz do Sporting a maior potência desportiva nacional. Isto sim é o Sporting: honrar a história e ter orgulho no passado, trabalhar o presente para conquistar o futuro. São as nossas linhas orientadoras. Mais de 20 mil títulos nacionais, europeus, mundiais e olímpicos depois, os sportinguistas podem afirmar que a visão do nosso fundador foi ultrapassada e que o Sporting é tão grande como os maiores do Mundo”, comentara.