O Banco de Portugal considera “preocupante” o aparente aumento do investimento em moedas digitais como a bitcoin e avisa que a súbita valorização se deve, sobretudo, a “especulação” nestes mercados não-regulados (e não a perspetivas de fácil aceitação como pagamento ou conversão por moedas tradicionais).
“As moedas virtuais têm vindo a alimentar o debate público não pela sua suposta função de instrumento de pagamentos mas, sobretudo, pela sua intensa atividade nas plataformas de negociação e especulação”, afirmou Hélder Rosalino, que é administrador do banco central, na conferência Money Conference, organizada pelo Dinheiro Vivo e pela TSF, em parceria com a EY e a Iberinform.
Questionado sobre a valorização súbita das bitcoin, Rosalino diz que “esta não deixa de ser uma realidade preocupante, levando em consideração as evoluções conhecidas nas últimas semanas, que são acompanhadas por um aumento substancial de risco”.
Há um elevado risco de volatilidade (súbitas e inesperadas flutuações no valor das moedas virtuais); possibilidade de perda de investimento, uma vez que não existe um mecanismo de garantia; risco de atuação fraudulenta da plataforma de negociação, ataque informático à carteira virtual/plataforma de negociação, insolvência da plataforma de negociação”.
Rosalino alerta para o “risco de aceitação” ou de conseguir converter a moeda virtual em moeda com curso legal.
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Ainda assim, o responsável reconhece que a tecnologia subjacente poderá ser importante e trazer vantagens. “Alguns bancos centrais começaram também a avaliar as vantagens e impactos da criação de uma Central Bank Digital Currency (CBDC), que poderia vir, em última instância, a substituir a emissão de moeda físicas e, eventualmente, contrabalançar o fenómeno da criação das moedas virtuais privadas a que temos assistido”.
Em 2014, altura em que moedas como a bitcoin se tornaram mais conhecidas, o Banco de Portugal emitiu um comunicado a alertar os consumidores para os riscos.
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