Ricardinho tinha feito duas antevisões em relação ao que poderia acontecer no Campeonato da Europa de futsal. À SIC, assumiu que gostava de ver Tunha como o Éder da modalidade, numa espécie de prémio para o facto de ter chegado à Seleção Nacional numa fase final com 34 anos, ocupando a vaga deixada em aberto pelo lesionado Cardinal. Não acertou e o herói acabou por ser Bruno Coelho. Ao Record, tinha dito não se importava de sair lesionado como Cristiano Ronaldo no jogo decisivo desde que Portugal fosse campeão. Acertou. Mas nem por isso deixou de ser herói. E as lágrimas de dor e tristeza com que saiu da quadra rapidamente mudaram.

A fratura da tíbia como lição, a finta AK-3000 como apresentação: o que faz Ricardinho ser o Mágico

Contra cinco companheiros de equipa no Inter Movistar (Ortíz, Pola, Bebe, Solano e Jesús Herrero), o Mago mundial do futsal conseguiu finalmente ser melhor do que os (antigos) reis da Europa: afinal, e desde 1996, a Espanha já tinha ganho sete Campeonatos da Europa, registando apenas uma final perdida diante da Rússia em 1999. A história mudou, mas nem por isso Ricardinho deixou de ser visto como o astro do futsal que é: quando se encaminhava para o banco ao pé coxinho a quatro minutos do final do prolongamento, quando os nervos estavam à flor da pele, a bancada onde se concentrava a maioria dos adeptos espanhóis cantou o seu nome e bateu palmas.

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Contas feitas, além de ter conseguido o troféu que lhe faltava na carreira (foi o primeiro por Portugal, a que se somam mais 28 a nível de clubes), o capitão de Portugal teve na Eslovénia mais um dos pontos mais altos da carreira: foi o melhor marcador da competição, com sete golos; tornou-se o melhor marcador de sempre em fases finais, superando Eremenko; e apontou também o golo mais rápido numa final, quando estavam decorridos apenas 59 segundos. Por isso, recebeu com naturalidade o prémio de melhor jogador da prova.

“Senti a mensagem que íamos ser campeões no espírito de grupo. Disse várias vezes que Portugal estava a mandar uma mensagem cada vez que jogava neste Europeu. Portugal não é só Ricardinho e está no lugar onde já devia estar há mais tempo: o primeiro. Lesão, dores? O pé está muito inchado mas não quero pensar nisso agora, isso vemos amanhã. Não é todos os dias que se vê 11 milhões a festejar, e não é só em Portugal, é no mundo inteiro. Tenho muito orgulhoso em ser português”, destacou Ricardinho no final do jogo.

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“A sensação de levantar a taça? Eu disse-vos que andava a treinar no ginásio para levantar o troféu… As coisas correram bem e merecemos. Comentei muito com o Pedro Cary que era um título que me faltava e senti que os meus companheiros me queriam dar. A primeira coisa que me disseram foi ‘nós merecíamos isto’. E é isso mesmo, ‘merecíamos’ e não ‘merecias’. É bonito ver que os meus colegas sentiam o mesmo que eu, que nos faltava este troféu. Agora só me falta o Mundial”, atirou o número 10 da Seleção Nacional.