Tudo começou em 2016, enquanto anfitrião da Final Four da Taça CERS: quando se apontava para um encontro decisivo entre equipas portuguesas, os espanhóis do Vilafranca acabaram por ganhar ao Sporting nas grandes penalidades antes de caírem na final diante do Óquei de Barcelos (6-3), que não vencia uma prova europeia desde 1995. No ano passado, nova qualificação para a Final Four da competição e triunfo com inversão de papéis: os minhotos ganharam em Itália ao anfitrião Viareggio, somando o segundo título consecutivo (4-2). Depois, o mercado acabou por levar quatro das unidades mais importantes. E poucos acreditavam no que está abaixo descrito.

Óquei de Barcelos vence Voltregá, está na final da Taça CERS e pode fazer história

Luís Querido, um pilar da equipa, transferiu-se para Itália, reforçando o Lodi. Reinaldo Ventura, que apesar da veterania continuava a ser determinante sobretudo em lances de bola parada, mudou-se também para o Campeonato transalpino, ao serviço do Viareggio. Vieirinha e Alvarinho, duas das maiores promessas da modalidade em termos nacionais, passaram para o Benfica e para o FC Porto, respetivamente. Entraram novos jogadores, como o português Marinho que estava em Itália, Juanjo ou João Almeida e, uns meses depois, mais uma Final Four da Taça CERS. No entanto, a história não teve o mesmo fim: os minhotos perderam com o anfitrião Lleida nas grandes penalidades por 1-0, depois do empate a dois golos durante o tempo regulamentar e o prolongamento.

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À semelhança do que aconteceu na véspera diante do Voltregá, o Óquei de Barcelos voltou a entrar melhor no jogo, conseguindo controlar os ritmos de jogo e chegando à vantagem por Joca, aos 17′. No recomeço, já depois de Ricardo Silva ter defendido um penálti de Albert Mola e de Zé Pedro ter desperdiçado um livre direto, João Almeida fez mesmo o 2-0 (33′), dando um outro conforto para o que faltava da partida. No entanto, e sempre de bola parada (e com algumas decisões duvidosas pelo meio), o Lleida chegou mesmo ao empate: Andreu Tomás fez o 2-1 de penálti aos 35′ e Dário Giménez, num livre direto após cartão azul a Hugo Costa, apontou o 2-2 (40′).

O mesmo Dário Giménez teve ainda oportunidade de fazer a reviravolta de livre direto, depois dos minhotos terem chegado à décima falta, mas a igualdade manteve-se mesmo até ao final do tempo regulamentar e do prolongamento. No desempate por grandes penalidades, e após nove falhanços seguidos, Jordi Creus marcou na décima e última tentativa, iniciando a festa no Pavilhão 11 de Setembro que estava completamente lotado.

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Desta forma, o Óquei de Barcelos acabou de forma inglória por falhar dois registos históricos: por um lado, tornar-se na primeira equipa de sempre a conquistar três vezes consecutivas a Taça CERS; por outro, passar a ser o conjunto com mais triunfos na competição (nesta altura tem três). Além dos minhotos, já venceram também a segunda competição europeia de hóquei em patins mais seis equipas portuguesas: FC Porto (1994 e 1996), Benfica (1991 e 2011), Sporting (1984 e 2015), Paço d’Arcos (2000), Sesimbra (1981) e Oliveirense (1997).

“Hoje era impossível sair daqui com o tri. Não iam deixar. Que significado tem vir de tão longe para jogar uma final e ter árbitros inexperientes? Se na final estão as melhores equipas, também deviam estar os melhores árbitros. Quiseram dar-lhes um prémio? Os meus jogadores estão no balneário a chorar, não por terem perdido, mas por lhes terem faltado ao respeito. O adversário tem qualidade, mas em jogo jogado não perdemos. Fomos empurrados. O Lleida teve duas faltas em 40 minutos e nós das sete às 13 foi uma rapidez. Dentro do rinque fomos superiores, fora não. Tenho pena porque os jogadores mereciam e os adeptos também”, afirmou no final do encontro Paulo Pereira, treinador do Óquei de Barcelos, citado pelo jornal O Jogo.