Os terrenos da antiga Feira Popular, colocados em hasta pública por duas vezes, mas sem interessados, vão ser alvo de uma terceira tentativa, mas desta vez divididos em três parcelas, disse esta quarta-feira o presidente da Câmara de Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), avançou que serão feitas três hastas públicas para estes terrenos, a par de uma quarta referente a um terreno na Avenida Álvaro Pais, onde serão construídos escritórios. Questionado sobre as especificidades das hastas, Medina remeteu para julho a conclusão do processo, “a fixação do valor de alienação do terreno, […] para que a Câmara possa decidir a sua alienação a partir do mês de setembro”.

Ao aprovar os lotes e as parcelas autónomas, vamos querer ter as condições, o mais claras possíveis, para os investidores”, salientou.

Fernando Medina apresentou esta quarta-feira a Operação Integrada de Entrecampos, projeto que considerou ser “das maiores operações urbanísticas que a cidade de Lisboa conheceu nas últimas décadas”.

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Falando aos jornalistas num périplo pelos vários locais que compõem esta empreitada, o autarca avançou que os terrenos de Entrecampos serão destinados à construção de escritórios e de 279 habitações destinadas a venda livre por privados, sendo que irão também contar com espaços verdes.

Propomos que estes terrenos tenham uso maioritário de escritórios, que deem origem a um centro de escritórios de alta qualidade, para que possamos criar mais emprego na cidade de Lisboa”, através de prédios em altura, afirmou.

No local vai nascer também “um jardim de grandes dimensões”, sendo que a Câmara propõe que “um terço da área dos terrenos da antiga Feira Popular que seja um jardim”. Assim, “60% deste terreno” deverá ser “destinado a espaço público de qualidade”, constituindo “uma zona de fruição e aberta a todos”.

“E esta é uma das diferenças de fundo face à antiga operação que estava aprovada”, advogou Medina, apontando que a venda da parcela como um todo “tinha desvantagens”, uma vez que o município “poderia ser confrontado com um projeto muito diferente” do idealizado.

Já o novo plano vai “definir com vigor” o que vai acontecer em cada zona, sendo que os edifícios de habitação serão localizados na parte norte, os escritórios desenvolvem-se ao longo do espaço, e haverá também zonas de comércio nos pisos térreos. “Este é um plano muito inspirado naquilo que o Eduardo Souto de Moura trabalhou e propôs para estes terrenos”, ideias que foram desenvolvidas pela Câmara com a “ajuda e colaboração” do premiado arquiteto, explicou Medina.

Aos jornalistas, Medina disse que quer fazer daquele espaço “uma grande montra para a excelência da arquitetura portuguesa”, uma vez que aquela zona “merece um projeto arquitetónico de elevada qualidade”. Este será então “um desfecho feliz para uma zona que tantas dificuldades teve”.

Na quinta-feira, será apreciada, em reunião privada do executivo, uma proposta no sentido de “determinar a abertura de um período de discussão pública das orientações estratégicas para a Operação Integrada de Entrecampos pelo prazo de 20 dias úteis”.

Além dos escritórios, operação prevê a construção de 700 fogos de habitação de renda acessível na zona de Entrecampos (515 construídos pelo município), de um parque de estacionamento público na Avenida 5 de Outubro, de três creches e um jardim-de-infância, uma unidade de cuidados continuados e de um centro de dia com valência de lar. A operação será financiada pela alienação destes terrenos.