A greve desta sexta-feira dos estivadores tem uma adesão de 100%, segundo fonte do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), que na quinta-feira apresentou um pré-aviso de greve às horas extraordinárias entre 13 de agosto e 10 de setembro.
Fonte do SEAL adiantou à agência Lusa que “100% dos filiados aderiram à greve” e que o sindicato representa cerca de 600 trabalhadores, o que no universo geral significa “60 a 70%”.
Pelo contrário, uma fonte do porto de Leixões já avançou que a paralisação de 24 horas não está a produzir efeitos, tendo a Lusa tentado contactar, ainda sem resposta, a Associação de Armadores da Marinha de Comércio e a Associação dos Portos de Portugal.
Na quinta-feira, o presidente do sindicato dos estivadores, António Mariano, justificava esta greve em defesa da liberdade de filiação sindical. De acordo com o sindicalista, em Leixões, “a partir do momento em que os trabalhadores se filiaram no sindicato, os seus rendimentos passaram para metade”, existindo, por outro lado, ofertas de “milhares de euros” para os trabalhadores se desfiliarem.
O novo protesto dos estivadores nos portos de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Leixões, Caniçal, Ponta Delgada e Praia da Vitória decorrerá entre as 8 horas de dia 13 de agosto e as 8 horas de 10 de setembro e vai incidir sobre o trabalho extra.
Fonte sindical notou à Lusa que a “meio de maio” costuma estar a atingir o limite legal de 250 horas extraordinárias por ano, uma vez que o “volume de trabalho é muito superior ao número de efetivos e os trabalhadores eventuais não são suficientes nem em número, nem em formação para as tarefas específicas”. A mesma fonte acrescentou que esta é uma profissão de grande desgaste, com muito risco de acidentes.
Entre as razões elencadas no pré-aviso de greve está a “crescente proliferação de práticas anti-sindicais nos diversos portos portugueses, revestindo-se estas de extrema gravidade no porto de Leixões, permanecendo ainda graves no porto do Caniçal”.
O documento recorda ainda que a AOPL-Associação de Operadores do Porto de Lisboa escreveu uma carta aos trabalhadores portuários da capital a comunicar que o acordo assinado a 28 de junho “entre os parceiros sociais do porto de Lisboa, SEAL e a AOPL, teria ficado sem efeito por, alegadamente, o SEAL ter desrespeitado o tal acordo” quando declarou a greve de hoje.
No pré-aviso lê-se que nestas quatro semanas a greve será, “na prática, para muitos trabalhadores apenas ‘simbólica’ uma vez que muitos deles já ultrapassaram os limites legais das 250 horas anuais”.