É já este sábado, no Municipal de Aveiro, que realidades opostas medirão forças na busca do primeiro troféu da temporada, a Supertaça Cândido de Oliveira. De um lado, o estreante Desp. Aves, que chega pela primeira vez a esta prova depois de conquistar a Taça de Portugal no jogo que marcou o final da época passada, frente ao Sporting (2-1), no Jamor; do outro, o FC Porto, o clube mais experiente na competição, com 29 presenças e 20 vitórias na Supertaça, que entrará em campo como atual campeão nacional após quebrar a série de quatro Campeonatos do Benfica.

À entrada para a 30.ª Supertaça da sua história, o FC Porto chega a Aveiro com um registo notável: é o clube com mais conquistas (20), mais participações (29), mais jogos disputados (53), mais vitórias (25) e mais golos marcados (65). No campo da disciplina, os dragões também se destacam como a formação mais amarelada (103) e com mais expulsões (sete). A Supertaça Cândido de Oliveira, que vai para a 40.ª edição, conta até agora com 147 golos apontados em 67 partidas jogadas, entre finais a uma e duas mãos e finalíssimas. A prova, que nem sempre teve lugar em território nacional, está habituada a terminar com 1-0 no marcador, sendo o resultado que já se repetiu por mais vezes (16), ainda que, em quase metade dos jogos (40%), houvesse três ou mais golos.

Cinco anos depois da última presença (2013, vitória por 3-0 sobre o V. Guimarães), os dragões regressam a uma prova onde contam mais triunfos do que os restantes clubes portugueses juntos: enquanto o FC Porto leva 20 Supertaças conquistadas, o Sporting tem apenas oito, o Benfica sete, o Boavista três e o V. Guimarães uma. Um total de 20 contra 19 que poderá ou não ser ampliado quando dragões e avenses se encontrarem em Aveiro num duelo com claro favoritismo histórico para os azuis e brancos mas numa prova que, como a própria história já o contou, é repleta de surpresas e episódios memoráveis. Com o Desp. Aves ainda à procura de escrever a sua página no livro de feitos da Supertaça, o FC Porto chega a este sábado com vários momentos marcantes vividos nesta competição, desde goleadas épicas a jogos em Paris, passando por um dérbi de colocar os nervos em franja e até mesmo uma perseguição histórica ao árbitro José Pratas.

FC Porto soma já 20 Supertaças no seu palmarés, mais do que os outros clubes juntos. A última conquista remonta a 2013, quando os dragões bateram o Vitória de Guimarães por 3-0 (Créditos: Getty Images)

1979, FC Porto-Boavista (1-2)

Como se impunha, começamos com a primeira edição da prova, que contou com a participação dos dragões. A 17 de agosto de 1979, FC Porto e Boavista defrontaram-se no Estádio das Antas, numa competição resolvida apenas num encontro. Com dois golos apontados por Júlio Augusto, o Boavista derrotou o FC Porto por 2-1, conquistando uma prova que ainda não fazia parte das competições oficiais nem tinha a mesma denominação de atualmente, sendo apenas a Supertaça. Os axadrezados, comandados por Mário Lino, juntaram a primeira Supertaça à Taça conquistada na temporada anterior, colocando assim o seu nome na história como primeiros vencedores da prova. Romeu ainda marcou para os dragões, mas não evitou o triunfo dos rivais nortenhos, num encontro que ficou marcado ainda por duas expulsões axadrezadas: Queiró, entrado no segundo tempo, viu o vermelho aos 84′, antes de o companheiro Manuel Barbosa ter o mesmo destino, aos 89′. O Boavista aguentou o resultado mesmo com nove elementos e, no final, houve confrontos entre adeptos do FC Porto e jogadores axadrezados, que acabaram por impedir a entrega do troféu no relvado. O primeiro vencedor da prova acabaria por receber o troféu apenas no balneário.

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1981, Benfica-FC Porto (2-0 e 1-4)

Em 1981, a Supertaça é rebatizada e realiza-se a primeira Supertaça Cândido de Oliveira. Disputada a duas mãos, esta edição da prova contou com a primeira goleada e o primeiro hat-trick. Foi Jacques Pereira, avançado do FC Porto, quem apontou três golos (27′, 65′ e 70′), contando com a colaboração de José Alberto Costa para fazer o quarto tento azul e branco. Jorge Gomes ainda reduziu para os encarnados, mas o Benfica não foi capaz de dar a volta ao texto e aproveitar a vantagem trazida da Luz, quando Nené bisou e ofereceu a vitória por 2-0 às àguias. Nas Antas, os dragões realizaram uma exibição memorável e conquistaram a primeira Supertaça do seu palmarés.

1984, FC Porto-Benfica (1-0, 0-1, 3-0 e 1-0)

Esta foi uma edição inédita na história da competição já que foi a única a ser resolvida em quatro jogos, com a eliminatória de desempate a ter duas partidas ao invés de uma. Assim, os estádios da Luz e das Antas foram palco de dois encontros cada até ser encontrado o vencedor, apenas em abril de 1985. Na primeira ronda, Benfica e FC Porto venceram uma partida cada, por 1-0; na finalíssima, a primeira mão terminou com um esclarecedor 3-0 a favor do FC Porto, com Vermelhinho e Fernando Gomes (bisou) a apontarem os golos do triunfo azul e branco, antes da visita à Luz, que trouxe nova vitória para a formação do norte, com Paulo Futre a apontar o golo do triunfo.

1986, Benfica-FC Porto (1-1 e 2-4)

Depois de um empate a uma bola na primeira mão da Supertaça, Benfica e FC Porto disputavam o segundo jogo da prova, na Luz. Os encarnados tinham vencido a edição anterior e, na oitava Supertaça disputada, os dragões queriam impedir nova façanha por parte dos rivais lisboetas. Madjer abriu o marcador aos 37′ e o FC Porto saiu a vencer para o intervalo, antes de uma segunda parte que traria uma chuva de golos: aos 57′, Paulo Futre fez o 2-0, antes de Diamantino reduzir, aos 67′, e o mesmo Futre voltar a colocar a vantagem em dois golos, aos 70 minutos. Fernando Gomes dilatou o resultado para 4-1, mas Dito fixou o marcador final em 4-2, aos 88′. Um segundo tempo de loucos, que terminou com a vitória dos dragões, a quarta em oito edições.

1988, V. Guimarães-FC Porto (2-0 e 0-0)

Depois da conquista inaugural do Boavista, foi preciso esperar nove anos para voltar a ver uma equipa fora dos três ‘grandes’ a levantar o troféu. Minhotos e axadrezados são, para além de Benfica, Sporting e FC Porto, as únicas equipas a vencerem a prova. E o triunfo do V. Guimarães foi muito fruto da vitória caseira na primeira mão da prova, onde Décio Antônio (40′) e N’Dinga (51′) apontaram os golos do 2-0 com que os minhotos bateram os dragões. A segunda mão desta décima edição da prova terminou com um empate a zero no marcador e os minhotos fizeram a festa no apito final.

1991, Benfica-FC Porto (2-1, 0-1 e 1-1, 3-4 g.p.)

A Supertaça de 1991 (que só terminou em setembro de 1992) tem vários motivos para entrar na história. Antes de mais, pela primeira vez foi preciso recorrer a uma finalíssima para desempatar as duas mãos da final, empatadas a duas bolas. O encontro foi realizado em apenas uma mão (outra estreia), em campo neutro, e, quis o destino, que também essa finalíssima terminasse empatada, sendo necessário realizar-se o primeiro desempate por grandes penalidades da prova. No final do prolongamento, Isaías tinha marcado para o Benfica e João Pinto para o FC Porto e vinham aí os penáltis. O Benfica até marcou as três primeiras, com William, Rui Águas e Kulkov a colocarem os encarnados a vencer por 3-0, depois de João Pinto e Fernando Couto desperdiçarem os seus pontapés. Mas a pontaria das águias ficaria por aí, já que Isaías, Hélder e Mostovoi falharam e, com os golos de Aloísio, André, Antônio Carlos e Paulinho César, o FC Porto venceria por 4-3 e conquistava nova Supertaça para o seu museu. Este encontro ficaria marcado ainda por um episódio caricato: depois José Pratas, o árbitro do encontro, validar o golo de Isaías, os jogadores do FC Porto perseguiram-no em campo durante largos minutos protestando com a sua decisão.

1992, FC Porto-Boavista (1-2 e 2-2)

O Boavista chegava pela segunda vez a uma Supertaça e novamente contra o FC Porto. E o Boavista voltaria a levar a melhor no dérbi, conquistando o segundo troféu da sua história, depois de um final de eliminatória de cortar a respiração. Os axadrezados foram às Antas vencer por 2-1 na primeira mão, com Marlon Brandão (63′) e Artur (69′) a superarem o tento isolado de Kostadinov (41′) e a darem vantagem ao Boavista na segunda mão. No Bessa, os dragões tiveram uma mão na taça com um bis de Kostadinov (8′ e 54′) a dar o 2-0 ao FC Porto, que durou quase até ao final, altura em que Tavares (79′) e Marlon Brandão (81′) deram a volta ao texto, empataram a partida e ofereceram o troféu ao Boavista, 13 anos depois da conquista da primeira edição.

1994, Benfica-FC Porto (0-0, 1-1 e 0-1)

As edições de 1994 e 1995 têm um ponto importante em comum: foras as duas únicas edições disputadas fora de território nacional, mais concretamente em Paris, no Parque dos Princípes. Em 1994, Benfica e FC Porto não foram capazes de resolver a Supertaça nas duas mãos da final, sendo obrigados a disputar uma finalíssima. A 20 de junho de 1995, a Supertaça mudava-se para França, numa homenagem aos emigrantes portugueses espalhados por território gaulês. O FC Porto acabaria por conquistar a prova com um golo de Domingos, aos 51 minutos, depois de uma primeira mão que terminou com terminou empatada no marcador mas com cinco expulsões na ficha de jogo. Já na edição seguinte, leões e dragões também não conseguiram encontrar um vencedor nas duas mãos da final, com a finalíssima em Paris a sorrir ao Sporting, vencedor do troféu por 3-0.

1996, FC Porto-Benfica (1-0 e 5-0)

Uma goleada num dérbi, na casa do rival e a valer um troféu é sempre especial. Que o diga o FC Porto que bateu o Benfica na Luz por 5-0 para conquistar a Supertaça de 1996. Depois de uma primeira mão que terminou com a vitória dos dragões por 1-0, nas Antas, os azuis e brancos deslocaram-se a Lisboa para sentenciar a eliminatória e arrecadar o troféu. Artur abriu o marcador aos três minutos e deu início ao desespero encarnado, com Edmilson, ainda antes do intervalo, a assinar o 2-0. Seguiu-se uma segunda parte demolidora do FC Porto e mais três golos, com Jorge Costa (46′), Arnold Wetl (56′) e Drulovic (85′) a carimbarem a goleada que daria o nona Supertaça ao museu azul e branco.

2010, Benfica-FC Porto (0-2)

A Supertaça de 2010 marcou o início de uma época de sonho para os azuis e brancos. André Villas-Boas assumia o cargo de técnico principal dos dragões e estreava-se no Municipal de Aveiro com uma vitória por 2-0 sobre o rival Benfica. Rolando (3′) e Falcao (67′) marcaram os golos que dariam a primeira vitória ao treinador que viria a comandar o FC Porto a uma época gloriosa, que culminou com a conquista do Campeonato Nacional, da Taça de Portugal e da Liga Europa. No final da temporada, a troco de 15 milhões de euros, Villas-Boas acabaria por se transferir para o banco do Chelsea.