O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho manifestou disponibilidade para “obter consensos” com a atual direção do clube lisboeta, mas sem abdicar de “nenhum processo, até ver reposta a sua dignidade profissional e honra” como cidadão e sócio.
Em comunicado e nota explicativa enviadas à Agência Lusa, Bruno de Carvalho, o primeiro presidente do Sporting a ser destituído em 112 anos, e Alexandre Godinho, vice-presidente da anterior direção, reafirmaram que “não deixarão de lutar até às últimas consequências”.
“Os antigos dirigentes do C.D. [Conselho Diretivo], mostram-se disponíveis para, com a dignidade reposta, obter os necessários consensos em prol dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal e da união de todos os sócios”, indica a nota explicativa.
Apesar da abertura manifestada em dialogar, Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho consideram que o ato eleitoral realizado a 8 de setembro, de onde resultou a eleição de Frederico Varandas como presidente do Sporting, foi “precedido de várias ilegalidades, comprovadas pelos tribunais”, em “grave desrespeito pela democracia”.
Os dois ex-dirigentes explicaram também as razões pelas quais não poderão “desistir da guerra jurídica” aberta contra a convocação da Assembleia Geral Extraordinária de 23 de junho, de onde resultou a destituição do cargo, por decisão da maioria dos sócios, e a criação da Comissão de Fiscalização, que decidiu a sua suspensão de sócio por um ano.
“A defesa da nossa honra e da nossa dignidade em face das ilegais ações/sanções disciplinares exigem, inevitavelmente, continuarem as ações judiciais em curso, pois que o seu abandono enfraqueceria substancialmente a possibilidade de êxito, na ‘batalha’ judicial contra as referidas ações/sanções disciplinares, por conformação com atos ilegais originários naquelas”, refere o comunicado.
Para evitarem fragilizar a contestação à suspensão de sócios e evitar uma eventual futura expulsão, Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho consideram estar “juridicamente vinculados a impugnar todos os atos que decorram ou sejam tomados na sequência das ilegalidades cometidas”. De recordar que os dois elementos do anterior Conselho Diretivo do Sporting avançaram com uma ação contra o clube no Juízo Central Cível de Lisboa três dias antes do ato eleitoral.
Leia o comunicado de Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho na íntegra:
Caros Consócios do Sporting Clube de Portugal,
Sem prejuízo de nos mantermos sempre disponíveis para, com a dignidade reposta, obter os necessários consensos em prol dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal, são factos irrefutáveis que:
a) apesar de termos, literalmente, dado o peito às balas e de o tribunal ter decidido a ilegalidade/extemporaneidade de qualquer ato eleitoral antes de decididas as questões disciplinares criadas pelas duas putativas comissões de JMS, nada foi capaz de evitar que as eleições acontecessem;
b) não obstante neste ultimo acto eleitoral muitos associados terem, em consciência, acabado por decidir não participar, milhares de outros votaram, – facto que lamentamos mas respeitamos -, os nossos Advogados alertam-nos que estamos juridicamente vinculados a impugnar todos os actos que decorram ou sejam tomados na sequência das ilegalidades cometidas, sob pena de impossibilitar a nossa defesa da honra, e da condição de Sócios de pleno direito do Sporting Clube de Portugal;
c) temos direito à nossa Defesa (como qualquer humano neste mundo) pelo que não abdicaremos de garantir a nossa “absolvição” total, em qualquer procedimento ou processo ilegal em que fomos ou sejamos visados;
d) a defesa da nossa honra e da nossa dignidade em face das ilegais acções/sanções disciplinares exigem, inevitavelmente, continuarem as acções judiciais em curso, pois que o seu abandono enfraqueceria substancialmente a possibilidade de êxito, na “batalha” judicial contra as referidas acções/sanções disciplinares, por conformação com actos ilegais originários naquelas.
Por outras palavras:
– nós, Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho, que desde 2013 tanto demos ao Clube no plano financeiro, no plano patrimonial, e no desportivo devolvendo o orgulho ao Universo Sportinguista, não podemos abandonar a defesa da nossa honra e da nossa dignidade, nem podemos tolerar que ilegalidades se traduzam na humilhação e na degradação irreparável da nossa imagem pública, da nossa dignidade humana e da nossa qualidade profissional;
e
– de acordo com os nossos Advogados, por nada nos pressupostos que inadvertidamente nos empurraram para este dia se ter alterado, não podemos desistir da “guerra” jurídica relativa à farsa da destituição e à farsa eleitoral que se encontra consumada, especialmente por ainda nada se saber sobre a intenção e solução que esta nova direcção tenciona implementar para solucionar as gravíssimas e tão negativamente consequentes ilegalidades e irregularidades praticadas.
Por último não podíamos deixar de dar uma palavra de extremo apreço e agradecimento a todos os Sportinguistas que apoiaram activamente ou indirectamente o Movimento “Feitos de Honra. Leais ao Sporting!” e a Onda Verde com multidões leoninas que nos receberam e acompanharam de Norte a Sul do País, bem como na Ilha de São Miguel nos Açores (não tendo sido possível em tempo útil ir à Madeira, o que lamentamos) – Vocês São o Sporting CP e o Sporting CP também é feito de Vocês!
Viva o Sporting Clube de Portugal!!!
Bruno de Carvalho, Sócio no 14.868
Alexandre Godinho, Sócio no 15.963