Cláudio Ramos é um daqueles casos do futebol português que não têm grande explicação. Na maioria das épocas, das temporadas, dos anos, FC Porto, Benfica e Sporting são exímios a “esvaziar” as restantes equipas do campeonato assim que olham para um outro jogador com mais potencial – mesmo que estes não venham a concretizar metade daquilo que prometeram. Olhemos, em casos mais recentes, para Paulinho no FC Porto, Filipe Augusto no Benfica e Rúben Ribeiro no Sporting. Mas Cláudio Ramos ficou. O azuis e brancos foram buscar Vaná ao Feirense, os encarnados descobriram Vlachodimos no Panathinaikos e o Sporting preferiu Viviano e o ex-Estoril Renan. Cláudio Ramos, convocado por Fernando Santos para a Seleção Nacional no início do mês e um dos melhores guarda-redes portugueses da atualidade, ficou no Tondela.

O guarda-redes de 26 anos, que nasceu em Touro, Vila Nova de Paiva, começou a dar nas vistas entre os postes da equipa da terra, o Sport Clube Paivense. Passou pelo Académico de Viseu e pelos Repesenses até o V. Guimarães reparar nele, ainda com 15 anos. Esteve vários anos vinculado aos vimaranenses, mas nunca vestiu a camisola da equipa principal, saltando de empréstimo em empréstimo entre o Amarante e o Tondela. Tornou-se internacional pelas camadas jovens da Seleção Nacional e foi mesmo convocado para o Europeu sub-19 de 2010 e para o Torneio de Toulon do ano seguinte. Em 2012, assentou de vez na equipa de Viseu, que decidiu contratar Cláudio Ramos de forma definitiva.

Em 2014/15 foi um dos heróis auriverdes que conquistou a segunda liga e garantiu a promoção ao principal patamar do futebol português – onde o Tondela tem conseguido permanecer desde então. As boas exibições frente aos “três grandes” e não só, a segurança transmitida à defesa, a maturidade característica de alguém que tem mais do que 26 anos garantiram-lhe a convocatória de Fernando Santos e o selo de qualidade de muitos treinadores adversários. Ainda assim, Cláudio Ramos continua em Tondela. Ele que até já disse que se sente “capaz de substituir Rui Patrício” na Seleção Nacional.

Esta sexta-feira, frente ao FC Porto, o guarda-redes assinou uma exibição de gala que foi estragada por um erro quase infantil. Defendeu tudo o que havia para defender, fez Marega levar às mãos à cabeça em várias ocasiões, preocupou Sérgio Conceição e foi um pesadelo para Otávio, Sérgio Oliveira e Aboubakar. Mas soltou a bola. Soltou a bola quando Brahimi rematou aos 85 minutos e deixou a baliza vazia e à mercê de Tiquinho Soares. Cláudio Ramos decidiu o jogo desta sexta-feira ao fazer aquilo que raramente faz: errar.

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