As coreografias “La Valse”, de Paulo Ribeiro, e “A Sagração da Primavera”, segundo Vaslav Nijinski, vão ser apresentadas pela Companhia Nacional de Bailado (CNB) no Teatro Camões, em Lisboa, a partir de esta sexta-feira.

Os espetáculos — um deles em curta-metragem – vão ser apresentados até 17 de novembro, de acordo com a programação da companhia.

“La Valse” é uma curta-metragem de João Botelho, na qual os bailarinos da CNB interpretam uma coreografia de Paulo Ribeiro, ao som da música de Maurice Ravel, que teve estreia absoluta em 2012, pela companhia.

Esta criação, que agora é reposta, é o resultado de uma coprodução da Ar de Filmes com a CNB, interpretada ao som de uma música que Maurice Ravel, cerca de 1906, quis compor para orquestra em tributo à valsa e a Johann Strauss II.

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Pretendia que fosse uma obra romântica, que intitulou “La Valse, un poème chorégraphique”, e sobre a qual escreveu ser “uma espécie de apoteose da valsa vienense”, que se misturava na cabeça do compositor, “com a ideia de turbilhão fantástico do destino”.

Acontece, porém, que Ravel acabou por se alistar no exército e interrompe a sua criação musical, e, só em 1919, após o final da 1.ª Guerra Mundial, retoma a ideia, em resposta a uma encomenda de Sergei Diaghilev, para os Ballets Russes.

Ravel refez integralmente a conceção inicial, influenciado pela experiência da guerra, o romantismo perdeu dominância, e o ritmo da valsa deriva frequentemente para o caos, numa metáfora à Europa de então.

A estreia acabou por acontecer em dezembro de 1920, sem que Diaghilev a tivesse utilizado, por a ter considerado, “não como um ballet, mas como um retrato de um bailado”, mas o coreógrafo George Balanchine viria a coreografar a composição, cerca de trinta anos mais tarde.

Em 2012, a CNB desafiou um coreógrafo e um realizador a explorarem a composição de Ravel e a conceberem um olhar cinematográfico sobre o movimento dos corpos.

Por seu turno, “A Sagração da Primavera”, também neste programa, tem coreografia segundo Vaslav Nijinski, com reconstrução coreográfica e encenação de Millicent Hodson, música de Igor Stravinski, e argumento de Igor Stravinski e Nicolas Roerich, cenografia e figurinos segundo Nicolas Roerich.

A estreia de “A Sagração da Primavera”, a 29 de maio de 1913, provocou um enorme escândalo, remetendo esta obra ao esquecimento, ao mesmo tempo que viria a tornar-se num marco da história da dança, pelo seu vanguardismo.

Em 1987, e após anos de pesquisa, Millicent Hodson e Keneth Archer, estrearam, no Jofrey Ballet, a reconstrução desta obra que se encontrava praticamente perdida e, em 1994, passou a fazer parte do repertório da CNB.

A estreia absoluta de “A Sagração da Primavera” foi em Paris, no Théâtre des Champs-Élysées, em 29 de maio de 1913, e a estreia pela CNB, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, foi a 22 de junho de 1994.

Para a produção de “A Sagração da Primavera”, a CNB contou com Millicent Hodson e Kenneth Archer no trabalho de remontagem da peça, os dois responsáveis pela recuperação da obra que implicou quase uma década de pesquisa.

Desde outubro de 2018 em Lisboa, ambos têm estado a desenvolver um processo de transmissão e remontagem do bailado junto do elenco da CNB, segundo a companhia.