A Moody’s diz que a “Black Friday”, que se assinala na sexta-feira, tem um impacto negativo no setor europeu de retalho, levando frequentemente a uma antecipação das compras natalícias com margens mais reduzidas para os comerciantes.
“A ‘Black Friday’ leva, em muitos casos, a uma antecipação das compras de Natal, muitas vezes com margens mais baixas, e é por isso negativa para o setor europeu de retalho em geral e raramente positiva para as empresas individualmente”, afirma o vice-presidente e senior credit officer da agência de rating, numa nota esta quinta-feira divulgada.
Segundo David Beadle, os retalhistas mais astutos que optaram por aderir à “Black Friday” — “Sexta-feira negra” em português, na qual retalhistas de vários setores aplicam diferentes percentagens de descontos — vão fazê-lo “com uma estratégia bem pensada, que inclui compras feitas especificamente para proteger as margens”.
Já outros “decidiram que a sua rentabilidade global e o valor das respetivas marcas ficam melhor protegidas não aderindo”, nota a Mooody’s, acrescentando: “A seu tempo, acreditamos que este evento será cada vez mais circunscrito aos equipamentos elétricos/eletrónicos e que os consumidores acabarão por perceber que as verdadeiras pechinchas são raras”.
Também esta quinta-feira a Moody’s publicou um relatório sobre as perspetivas para o setor de retalho europeu, que diz estar debaixo de alguma “turbulência” devido a questões relativas à gestão e à mudança dos hábitos dos consumidores, a que se juntam as incertezas ligadas ao Brexit no caso dos retalhistas britânicos.
Segundo David Beadle, “os retalhistas já estabelecidos no mercado e com maior dimensão, particularmente no setor do vestuário, são os que estão a sentir mais problemas de adaptação, à medida que os consumidores vão optando pelas compras online em busca de maior comodidade e valor”.
“Alguns retalhistas continuam a ser menos bem-sucedidos na adaptação à mudança de hábitos do consumidor. As empresas com estratégias ganhadoras são as que estão a responder com sucesso ao desejo do consumidor por maior comodidade e valor na compra”, sustenta, acrescentando que “os retalhistas de vestuário estão particularmente expostos a esta realidade, assim como à exigência de qualidade e moda”.