Nicolas Roeg, realizador conhecido pelos filmes provocantes e trabalhar com estrelas rock como Mick Jagger e David Bowie, morreu na sexta-feira aos 90 anos, anunciou a família, sem dar mais pormenores. Com uma carreira de mais de seis décadas, Roeg é considerado um dos realizadores mais influentes e admirados do Reino Unido, lembra o The Guardian.

Nascido a 15 de agosto de 1928, em Londres, Nicolas começou por obter reconhecimento como diretor de fotografia. Trabalhou em vários filmes famosos, como Lawrence of Arabia (1962) e Fahrenheit 451 (1966) antes de se dedicar à realização nos anos 70. É desta época que datam alguns dos filmes que o tornaram reconhecido, como Performance (1970), a estreia do vocalista dos The Rolling Stones, Mick Jagger, no cinema, e The Man Who Fell to Earth (1976), obra de culto acerca de um extraterrestre que visita a Terra em busca de água para salvar o seu planeta, com David Bowie no papel principal.

O drama Walkabout (1971) e o filme de terror Don’t Look Now (1973) também se contam entre as suas longas-metragens mais conhecidas. O primeiro, conhecido em português como Aquele Inverno em Veneza, é considerado um dos seus maiores sucessos, sendo lembrado pelas realistas cenas de sexo entre Julie Christie e Donald Sutherland. The Witches (1990), com Anjelica Huston num dos papéis principais, é considerado um dos seus últimos grandes filmes.

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Apesar do êxito de algum dos seus filmes, Roeg nunca ganhou popularidade entre o grande público. A crítica, porém, adorava-o, reconhecendo nele uma voz distinta de todas as outras. O Instituto de Cinema Britânico, que incluiu Performance e Walkabout em Veneza na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos, numa reação à morte de Nicolas Roeg, considerou-o “uma força pioneira do cinema que criou alguns dos mais tocantes momentos de beleza, terror e tristeza já vistos”.

“Disseram-me que os meus filmes são difíceis de vender”, admitiu o realizador em entrevista ao jornal britânico The Guardian, em 2007. O seu estilo era caracterizado por uma narrativa não-linear, imagens fortes e temas como o sexo, a morte e o colapso mental. “As pessoas adoram etiquetas, adoram classificar um género. Mas [o que faço] é apenas sobre a vida. A vida, o nascimento, o sexo e o amor.”