No último fim de semana, a Nike resolveu expor manequins plus-size na sua principal loja de Londres, em Oxford Street, também conhecida como Nike Town. A marca justificou a opção como forma de “celebrar a diversidade e a inclusão no desporto”. Sarah Hannah, vice-presidente da linha feminina para os mercados europeu, africano e do Médio Oriente, trouxe mais substância ao discurso: “Com o fantástico momento que estamos a viver no desporto feminino, a reformulação do espaço é só mais uma demonstração do compromisso da Nike em inspirar e servir as mulheres atletas”.

Os manequins, de formas voluptuosas, chamaram as atenções, mas nem todas as reações foram positivas. No The Telegraph, a cronista Tanya Gold considerou perdida “a guerra contra a obesidade”, classificando o manequim de plástico como “enorme” e “gigantesco”. “O novo manequim é obeso e não se está a preparar para correr no seu impecável equipamento Nike. Ela não consegue correr. Ela está mais para pré-diabética e a caminho de uma operação à anca. Que cinismo terrível por parte da Nike”, escreveu ainda no mesmo artigo de opinião.

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A opinião de Gold foi rapidamente categorizada como “gordofobia”, por oposição ao que muitos consideraram “um passo em direção à positividade corporal”. Em resposta ao artigo, há quem argumente a necessidade de normalizar a imagem das pessoas gordas em sociedade. Enquanto isso, outros apelam à lógica, defendendo que, em última análise, o excesso de peso requer exercício físico e que, para praticá-lo, tem de haver vestuário adequado e à medida de todos os corpos. Algumas mulheres chegaram mesmo a reagir às críticas da cronista referindo o facto de praticarem exercício regularmente e de, ainda assim, se manterem acima do seu peso ideal.

A Nike lançou uma linha de vestuário feminino plus-size em fevereiro de 2017 e desde então que tem feito uma comunicação atenta à diversidade de corpos. O exemplo mais recente foi a campanha feita com o grupo de dança HoneyBeez, que há anos faz furor nos campos de futebol americano. A par disso, tem estado associada a personalidades como a modelo Paloma Elsesser, as influenciadoras Grace Victory, Chloe Elliott e Danielle Vanier e a atleta Amanda Bingson.

Em novembro do ano passado, Grace e Chloe estiveram entre as 15 mulheres que assinaram uma carta aberta, publicada pela edição britânica da revista Cosmopolitan. No texto, reclamavam que mais marcas tivessem as suas linhas e coleções plus-size disponíveis nas lojas físicas. Na origem desta espécie de manifesto, esteve uma estatística, segundo a qual 45% dos consumidores com excesso de peso faziam as suas compras online.

Numa outra frente, também este ano, a Nike viu a Associação Internacional de Boxe autorizar o uso de hijab dentro do ringue. Uma peça há muito desenhada pela marca, em especial, para a alemã Zeina Nassar, um rosto da luta por este direito.