Pela primeira vez foi pedido aos alunos, num exame nacional de Português (12º ano), que interpretassem um excerto da obra Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, que não tinha sido lecionado durante as aulas. O Público noticia que foi uma professora que alertou o Instituto de Avaliação Educativa (Iave), que justificou essa decisão com a necessidade de avaliar a capacidade dos alunos de demonstrar “capacidades de interpretação” em vez de mera reprodução de conhecimentos. O que não fica explicado é que porque é que só neste exame, de 2ª fase, é que se tomou essa decisão, já que nos anos anteriores e, também, no exame da 1ª fase os alunos foram desafiados com a análise de estâncias d’Os Lusíadas que tinham sido analisadas em aula.

Este é um dos casos noticiados esta quarta-feira pelo jornal, que acrescenta que há, também, um problema com o exame de Matemática Aplicada às Ciências Sociais (MACS), uma disciplina que está no currículo dos alunos de Línguas e Humanidades. Uma das perguntas feitas aos alunos continha um “erro grave”, considerou o professor que detetou o caso, que garantia que aquela questão, na forma como foi formulada, “não tem resposta”.

Nesse caso da Matemática, o Iave, depois de garantir ao professor que a tal pergunta tinha sido “caucionada por peritos”, respondeu ao Público que existe uma “fragilidade” na formulação da pergunta mas garantiu que esta não terá, “previsivelmente, qualquer impacto na resolução nem terá na sua classificação”.

Voltando ao caso do exame do Português, em que os alunos foram surpreendidos com as estâncias 26 a 29 do Canto VI d’Os Lusíadas, a professora que detetou a situação — que também é classificadora de exames — manifestou “perplexidade e indignação” pelo facto de, na sua opinião, ser “absolutamente inacreditável que os alunos tenham de ler e compreender quatro estâncias de Os Lusíadas que não correspondem a nenhuma das indicadas nos programas de Português”, mesmo tendo sido sempre dito que as provas podem “incluir suportes textuais diferentes dos indicados”.

A professora defende que “as estâncias analisadas em aula já são suficientemente difíceis” e considera que “não era preciso aumentar o grau de dificuldade”, sobretudo tendo em conta que “esta obra é particularmente complexa e que os alunos têm grande dificuldade” no seu estudo.

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