Cerca de 35 locais de mais de dez países vão exibir, em simultâneo, o filme “Shoah”, de Claude Lanzmann, no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a 27 de janeiro.

No documentário, de nove horas e meia, sobreviventes e perpetradores de crimes contra judeus, durante o terceiro Reich, dão o seu testemunho. O realizador, Claude Lanzmann, trabalhou no filme durante onze anos, entre 1974 e 1985, e foi premiado em 2013, no festival de cinema de Berlim (Berlinale), com o Urso de Ouro Honorário. “O projeto tem sido muito bem recebido”, revela em declarações à agência Lusa o diretor do Festival Internacional de Literatura de Berlim (ilb), Ulrich Schreiber, que organiza esta iniciativa. “Temos mais de 35 inscritos para esta exibição um pouco por todo o mundo, desde a China, passando pelo Uruguai, Chipre, Nigéria ou Hungria, entre outros. Muitos institutos Goethe vão participar”, revela.

O ilb organizou a primeira leitura mundial. “Desde então, estas leituras acontecem em períodos irregulares, por vezes em vários momentos no ano. Focam-se em vários temas, especialmente direitos humanos”, adiantou Ulrich Schreiber. “Desta vez, o ilb convida cinemas, escolas, universidades, meios de comunicação social, instituições culturais e individuais a participar no visionamento simultâneo de ‘Shoah’”, acrescentou. O diretor do ilb justifica a escolha “óbvia” deste filme com a “nova onda de antissemitismo” que se tem registado especialmente nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, mas não só. Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Itália e Reino Unido são outros países onde “Shoah” vai poder ser visto. A Alemanha reúne, até agora, o maior número de instituições associadas à iniciativa, com cerca de uma dezena de pontos de exibição.

“O filme foi exibido apenas na seção ‘Forum’ da Berlinale, no seu ano de lançamento, em 1985, na Alemanha, em vez de ter tido um lançamento cinematográfico. Consequentemente, as gerações mais jovens conhecem muito pouco o trabalho de Lanzmann”, lamenta.

Em Portugal, “Shoah” foi mostrado integralmente na Cinemateca Portuguesa, em outubro de 2013, na conclusão da retrospectiva dedicada à obra do realizador, e posteriormente editado em DVD, pela Midas Filmes. Pouco depois, a distribuidora disponibilizou igualmente um dos derradeiros documentários de Claude Lanzmann, “O Último dos Injustos”, obra que cruza diferentes períodos relacionados com o Holocausto, desde o início da perseguição, em Viena, em 1938, até à conclusão da rodagem do filme, em 2012, tomando por eixo o último presidente do Conselho Judeu do gueto de Theresienstadt, Benjamin Murmelstein, e a entrevista que o realizador lhe fizera em Roma, na década de 1970.

Em 2005, as Nações Unidas decretaram o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto a 27 de janeiro, como forma de lembrar os milhões de vítimas provocados pelo genocídio da Alemanha nazi. O dia assinala também a libertação do campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, em janeiro de 1945, onde se estima que morreram cerca de 1,1 milhão de pessoas.

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