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Herdade do Freixo. Luz e profundidade abaixo do solo

Este artigo tem mais de 4 anos

Viaja 40 metros abaixo do solo e vê nascer vinhos alentejanos. A adega da Herdade do Freixo, projeto de Frederico Valsassina, está enterrada e é coberta pelas vinhas. É um Guggenheim ao contrário.

17 fotos

Desenrola-se em espiral ao longo de 40 metros e desce três pisos abaixo do solo. Há quem chame à adega da Herdade do Freixo, no Alentejo, uma espécie de Guggenheim subterrâneo. Não é difícil de perceber o porquê: percorrer os diferentes níveis é também percorrer o fuso de um saca-rolhas. É descer sem pressas e sem interrupções ao coração da terra onde muitos vinhos nascem e repousam. A rampa é continuamente iluminada por uma claraboia, dotando o projeto invulgar de muita luz natural. Foram utilizados betão, xisto e carvalho francês que, simbolicamente, representam a adega, a vinha e o vinho.

Inaugurada em 2016, a arquitetura que faz dela uma das adegas de design do país já lhe valeu o prémio “Edifício do Ano 2018”, atribuído pela conceituada publicação ArchDaily, na categoria de Arquitetura Industrial. Um ano depois foi a vez de receber a distinção “Melhor Enoturismo” pela Entidade Regional de Turismo.

Tanto as paredes como o chão da adega estão tingidas em tom terra, numa ligação imediata ao conceito de terroir. As clarabóias são uma constante ao longo do projeto arquitetónico com a assinatura de Frederico Valsassina. A adega utiliza a gravidade a favor da produção de vinho

© Fernando Guerra

A adega é autoria do arquiteto Frederico Valsassina e foi desenhada com o propósito de ser recatada e não marcar a paisagem. “Seria um crime fazer uma construção acima do solo”, diz o arquiteto ao Observador, referindo-se à “paisagem natural pouco mexida” como o ex-líbris da propriedade. A solução encontrada foi, por isso, um edifício subterrâneo, um projeto feito em duas fases: edificar a adega e recuperar o monte operário.

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Cá fora, a adega dificilmente é avistada. Está construída em profundidade, abaixo das vinhas que a cobrem no exterior. Não é apenas uma questão estética: ao utilizar a força gravítica natural no processo de vinificação pretende-se preservar o potencial da uva e respeitar o vinho durante a fermentação e o estágio — enterrada e localizada abaixo dos vinhedos, a ideia é contribuir para o equilíbrio do ecossistema natural. No interior, as condições térmicas são otimizadas para a conservação dos vinhos.

Apesar de edificada abaixo do solo, a adega usufrui de pátios internos que terminam à semelhança das chaminés existentes no monte operário da propriedade. O espaço é dotado de muita luz natural

© Fernando Guerra

Na descrição do projeto feita pelo atelier de arquitetura, disponível na página da ArchDaily, fala-se na “transição fluida e sequencial dos espaços que se pretende que comuniquem física e visualmente. Estes sucedem-se, proporcionando, à semelhança do que acontece na topografia da herdade, vistas sobrepostas, diversificadas, que indiciam que existe mais para além do que está diretamente ao nosso alcance”. Daí que a adega seja visitável — a rampa permite aceder visualmente a todas as etapas do vinho sem interferir nos diferentes processos de produção. “Criámos um percurso de visita e outro de trabalho. O de visita é através de uma rampa acessível a pessoas com mobilidade reduzida, que permite aos turistas ir vendo os vários estágios do vinho”, continua Valsassina, que esclarece que o grande desafio passou sobretudo pela ventilação.

O projeto em números

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  • Área: 1941.0 m²
  • Ano de finalização: 2016
  • Período de construção: dois anos
  • Detalhe: a rampa desce em espiral 40 metros abaixo do solo
  • Arquitetos: Frederico Valsassina Arquitetos

A rampa da Herdade do Freixo desce 40 metros abaixo do solo e assume a forma de um fuso do saca-rolhas. A ideia é, ao percorrê-la, tornar visível ao visitante todas as fases de produção do vinho

© Fernando Guerra

As paredes e o chão foram tingidos com a mesma coloração da terra visível no exterior, criando uma ligação com o terroir. Os pátios interior terminam em forma de chaminés iguais às que existem no monte já referido e os maciços rochosos que foram aparecendo durante a construção foram deixados ficar — é o caso daquele que está na sala de barricas.

A herdade que se estende ao longo de 300 hectares — incluindo 35 de vinha plantada no monte mais alto, a 450 metros — está situada entre a Serra D’Ossa e Évora, no concelho do Redondo, e foi buscar o nome que ostenta nos rótulos à vizinha Aldeia do Freixo. A adega é uma continuação da paisagem pontuada por zambujeiros, oliveiras e azinheiras.

O pátio central é o elemento “aglutinador de todas as circulações”. Os maciços rochosos existentes abaixo do solo foram deixados ficar, por questões decorativas e estruturais. É o caso daquele que marca o cenário da sala das barricas

© Fernando Guerra

O local onde nascem vinhos com o “terroir do noredeste alentejano” pode ser visitado de terça a sábado, às 11h ou às 15h, sendo que existem diferentes modalidades de enoturismo, incluindo visitas com e sem prova de vinhos, piqueniques e provas especiais (aconselha-se marcação).

A adega está praticamente escondida na íntegra pelas vinhas que foram plantadas na superfície. O objetivo do atelier do arquiteto Frederico Valsassina foi preservar a paisagem de um Alentejo quase intocável

©Manuel Gomes

Herdade do Freixo, Freixo, Redondo. E-mail: enoturismo@herdadedofreixo.pt. Tel.:  266 094 830 / 912 194 746

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