Rúben Marques, o arguido que atingiu o ex-jogador do Sporting Bas Dost com um cinto na cabeça, confessou a agressão ao tribunal, na sessão de julgamento que prossegue esta quarta-feira. “Quando cheguei ao pé do campo de treino vi pessoal a tirar o cinto e também tirei. Encontrei o Bas Dost no balneário e dei-lhe uma pancada com o cinto“, admitiu, negando no entanto que tivesse sido ele a agredir Misic com o cinto. “No Misic não. Isso é mentira. Não bati em mais ninguém. Depois saí e fui com o mesmo grupo”, garantiu, explicando:
Não falámos. Bati e continuei a andar. Foi o Bas Dost, mas podia ter sido outro qualquer. Foi o primeiro que me apareceu. Se fosse o Petrovic, era o Petrovic. Não ia lá para me vingar de ninguém, só ia pedir justificações”, disse.
Ouvido no Tribunal de Monsanto, o arguido começou a sua intervenção com um pedido de desculpas. “Primeiro quero pedir desculpa aos jogadores, às famílias dos jogadores e à instituição Sporting”, disse para depois explicar que tinha estado no jogo da Madeira e lhe mandaram “o vídeo da confusão no aeroporto”. “Na segunda, mandaram-me o convite a perguntar se queria ir à Academia. A mim, disseram-me que era para ir bater nos jogadores. Entrei com uma balaclava que arranjei”, disse Rúben Marques, acrescentando que colocou este capuz na cabeça e começou a correr.
Bas Dost e o relato de um dia de terror: “Fiquei no chão inconsciente. Ainda tenho a cicatriz”
Depois de explicar como entrou na Academia e agrediu Bas Dost, o arguido começou a relatar os momentos que se seguiram: “Depois, deparo-me com o Rafael Leão, começou a sorrir. Mesmo de cara tapada, reconheceu-me logo porque foram muitos anos na escola. Encostei-me logo ali à porta”.
Rúben Marques explicou aos juízes que viu, mais tarde, as imagens do ataque e não se “lembrava de algumas partes, como aquele de rodar o cinto”.
Vi depois nas imagens o Jorge Jesus atrás de mim, mas não percebi porquê. Eu com ele? Nada, só ia a fugir. Nem me lembro lá dentro de me cruzar com ele“, relatou.
Questionado pelo tribunal pela razão que o levou a ir à a Academia, o arguido explicou. “Foi sem pensar. Foi naquela do: ‘Queres ir?’, ‘Bora'”. “Sinto vergonha de tudo o que a gente fez ao Sporting e às nossas famílias”, disse ainda.
Além de Rúben Marques, outro arguidos prestou declarações. A sessão desta quarta-feira e o julgamento retoma na próxima sexta-feira com a audição de mais quatro testemunhas — uma delas é o capitão da equipa de voleibol, Miguel Maia.
Pode ler a reportagem do Observador sobre a sessão desta quarta-feira mais tarde.