Moralizado pelo regresso aos triunfos, Rui Costa (UAE Emirates) quer embalar para uma temporada em que Jogos Olímpicos e Mundiais serão prioritários para um ciclista que percebeu, enfim, ser talhado para provas de um dia ou uma semana.

Passaram pouco mais de duas semanas desde que o mais conceituado dos ciclistas lusos conquistou a primeira etapa da Volta à Arábia Saudita e interrompeu uma ‘seca’ de quase três anos sem vitórias, e esse resultado parece estar a inspirá-lo na sua presença na 46.ª Volta ao Algarve, na qual é, atualmente, terceiro da geral.

“Sem dúvida que sim, que ganhar é sempre importante. É bom para tudo: para a confiança, para o moral, para os treinos. É excelente, estou muito feliz por ter iniciado a temporada da maneira que iniciei. Claro que isso torna mais fácil [a minha tarefa] para as próximas competições e já aqui no Algarve”, confessou.

Apesar do evidente bom momento de forma, corroborado pelo terceiro posto na geral individual, a apenas dois segundos do camisola amarela, o belga Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), Rui Costa garantiu, em declarações à agência Lusa, não estar a pensar em melhorar o resultado da sua última participação na ‘Algarvia’, naquele que é o seu regresso à prova após cinco anos de ausência.

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“São coisas que não me passam muito pela cabeça, pensar em melhorar ou piorar. A sensação que eu trago é positiva, sinto-me bem, só não sei como se sentem os meus adversários. Irei dar o meu melhor e se puder melhorar o meu resultado das edições anteriores seria excelente”, disse o corredor que ocupou o último degrau do pódio em 2014.

O campeão mundial de estrada de 2013 descartou sentir mais responsabilidade por ser a maior esperança lusa para triunfar na mais internacional das provas nacionais — algo que não acontece desde 2006 -, mas reconheceu que o mantra da sua equipa é disputar todas as corridas nas quais participa.

“Treinar é em casa”, brincou, antes de detalhar o seu calendário “muito apertado”, que inclui as inevitáveis clássicas das Ardenas, a Volta à Romandia ou a Volta à Suíça.

Por definir está ainda a sua presença na Volta a França, embora o próprio admita que é um cenário que “possivelmente” não irá acontecer “devido aos Jogos [Olímpicos]”, um momento tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo.

“[Tóquio2020] vai-me passando pela cabeça de vez em quando. É claro que os Jogos Olímpicos não ficaram esquecidos, são um objetivo muito importante individualmente, por isso, a par de todo o calendário que tenho com a equipa, os Jogos não ficam de fora, nem os Mundiais, porque vão ser provas muito complicadas, muito duras, talvez das mais duras que tenha feito de um dia”, sustentou.

Assumindo que “todas as provas que faça com a camisola de Portugal são objetivos”, o poveiro sublinhou, contudo, que tanto os Jogos Olímpicos como os Mundiais serão missões complicadas, “porque o grau de dureza é muito elevado”, prometendo ainda assim “afinar da melhor maneira” as suas características “seja para que circuito for”.

Aos 33 anos, Rui Costa ‘aceitou’ finalmente a sua natureza, a de um ciclista aguerrido, especialista em etapas, provas de um dia ou de uma semana, e desistiu de tentar ser um ‘voltista’.

“É certo que já tive tentativas de fazer um ‘top 10’ na Volta a França. As coisas acabaram por não sair bem devido a problemas de saúde, a quedas. Acredito que nas minhas características encaixem melhor provas de uma semana ou de um dia e optar, em grandes Voltas, pelas etapas”, concedeu o ciclista que tem no currículo três vitórias em etapas no Tour, três Voltas à Suíça, títulos nacionais ou grandes prestações nas clássicas.