A ministra da Cultura contestou esta segunda-feira as críticas à nomeação de Bernardo Alabaça para diretor-geral do Património Cultural, lembrando a sua experiência em gestão de património e questionando que seja acusado de incapacidade antes de poder demonstrar competências.
O que acho absolutamente extraordinário nesta questão é ignorar que Bernardo Alabaça tem muitos anos de gestão de património cultural, tem um mestrado em gestão do património público, e que o que fez durante muitos anos foi gerir património público. Passou por outros setores? Sim, teve vida para além de ser dirigente público, como muitos de nós tivemos”, disse a ministra Graça Fonseca aos jornalistas, à margem de uma visita à Fábrica de Azulejos Viúva Lamego, em Sintra.
O despacho de nomeação de Bernardo Alabaça foi esta segunda-feira publicado em Diário da República, segundo o qual o novo diretor-geral do Património Cultural é licenciado em Engenharia e Gestão Industrial, pós-graduado em Análise e Investimento Imobiliário e mestre em Finanças.
A mesma nota biográfica lembra que Alabaça foi “diretor-geral de Infraestruturas do Ministério da Defesa Nacional [e] subdiretor-geral do Tesouro e Finanças do Ministério das Finanças”, entre outros cargos, sendo atualmente “assessor do conselho de administração da Lisboa Ocidental SRU e vice-presidente da mesa da assembleia-geral da Parpública, presidente do Conselho Estratégico do Salão Imobiliário de Lisboa e vogal da comissão responsável pelo lançamento e condução do procedimento de negociação para a celebração de contrato de subcessão de direito de superfície sobre os módulos 4 e 5 do Centro Cultural de Belém”.
Para a ministra, o que é “mais extraordinário” é que “ainda antes de sair o despacho de nomeação, de ter qualquer espécie de possibilidade de demonstrar se tem ou não tem competências para aquilo para que foi nomeado, já está basicamente a ser colocado em praça pública como sendo incapaz ou indo fazer algo que nem sequer demonstrou ser capaz de fazer ou não”.
Tenho imensa dificuldade em julgar ou em criticar pessoas antes de elas fazerem o que quer que seja”, afirmou, lembrando que Bernardo Alabaça tem um currículo de gestão de património público, que foi o que fez durante muitos anos, e de forma “extraordinariamente competente”.
A ministra respondia às críticas do setor, que têm vindo a público desde que se soube, em fevereiro, que o gestor imobiliário Bernardo Alabaça iria ser o novo diretor-geral do Património Cultural, substituindo no cargo Paula Araújo da Silva.
As primeiras reações partiram dos dirigentes da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) e do Conselho Internacional de Museus da Europa que consideraram “inqualificável” e “um insulto” a escolha de um gestor imobiliário para aquela posição.
Posteriormente foi a vez de o Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia criticar a “falta de visão” do Governo, lamentando a ausência de um arqueólogo na nova equipa da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
É verdade que veio [da gestão imobiliária], mas e os 20 anos em que geriu património publico? Não interessa? Não tem relevo? Um não apaga o outro”, respondeu Graça Fonseca, assinalando que Bernardo Alabaça foi diretor-geral das infraestruturas do Ministério da Defesa, “provavelmente a área que gere mais património do Estado, incluindo património cultural”, em que se incluem fortalezas, faróis e museus militares.
A ministra recordou ainda que o atual responsável da DGPC foi durante muitos anos subdiretor-geral de património da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, com o pelouro do património do Estado.