O incêndio que deflagrou, na sexta-feira, em Aljezur e alastrou a Lagos e Vila do Bispo continua dominado, mas o vento forte está a fazer o dispositivo manter-se no terreno para responder a eventuais reativações, indicou este domingo a Proteção Civil.
O comandante distrital de operações de socorro de Faro, Vítor Vaz Pinto, fez um ponto de situação do combate ao fogo no centro educativo de Budens, concelho de Vila do Bispo, e afirmou que o “incêndio se encontra dominado desde as 09:10 de sábado”, mas reconheceu que “a última noite foi muito complicada, como se esperava”, devido à força do vento.
“O vento soprou com grande intensidade, do quadrante norte e noroeste, o que dificultou a tarefa de todos os combatentes no teatro de operações”, disse o comandante.
Os bombeiros tiveram durante a noite de responder a “um conjunto de reativações, de maior ou menor intensidade”, mas todas elas, “com maior ou menor dificuldade, foram extintas e ficaram dominadas”, acrescentou Vaz Pinto.
O comandante distrital da Proteção Civil de Faro antecipou uma tarde também com vento intenso e disse que o dispositivo vai manter-se no terreno, com apoio de “uma bateria de máquinas de rasto em todo o perímetro do incêndio”, para ir consolidando a extinção do fogo.
“A partir da tarde vai intensificar-se o vento. Este domingo, o vento que se regista tem mais intensidade do que ontem [sábado] e a partir das 14:00 vai-se intensificar, o que não é uma boa notícia para quem tem de combater o incêndio, mas neste momento a situação está dentro da normalidade e do que era expectável”.
Vaz Pinto adiantou, também, que estão no terreno a participar nas operações “488 combatentes, de 91 entidade, apoiados por 154 veículos e seis meios aéreos, dois aviões e quatro helicópteros”, e destacou que “não há feridos a registar, quer da parte da população, quer da parte dos combatentes”.
“O vento vai estar forte até por volta da meia-noite, e aproveitava para apelar à população para que, até quarta-feira, dias de grande perigosidade no risco para incêndios florestais, evite comportamentos de risco no que diz respeito ao uso do fogo”, alertou.
Este incêndio florestal teve início na sexta-feira ao início da tarde, e Vilarinha, freguesia de Bordeira, concelho de Aljezur, alastrou a Lagos e Vila do Bispo e foi dado como dominado às 09:10 de sábado, afetando uma área de 25 quilómetros por 10.
Desde sábado de manhã que o dispositivo de combate ao fogo se mantém no terreno para responder a eventuais reativações, que têm sido frequentes devido à intensidade do vento que se faz sentir na zona e às elevadas temperaturas.
O fogo obrigou a deslocar 35 pessoas e atingiu barracões ilegais e caravanas, mas ninguém solicitou o apoio das autoridades para encontrar local para pernoitar, apesar de a Câmara de Vila do Bispo ter preparado locais para o efeito, disse o presidente da Câmara, Adelino Soares.
Incêndio dominado, mas não extinto
Um incêndio é dado como “dominado” quando há meios “em todo o perímetro do incêndio”, não sendo expectável que as chamas ultrapassem esse perímetro. “Contudo, se tivermos uma reativação forte e que ultrapasse a capacidade de de combate dos operacionais, poderá voltar a estar ativo”, disse o segundo comandante, Abel Gomes, do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro.
O comandante acrescentou, ainda, que todas as pessoas que foram retiradas de casa por precaução, na sexta-feira, estão com familiares e revelou que houve “algumas estruturas danificadas”, como estruturas de madeira e autocaravanas que estavam na frente de fogo”.
Ao início da tarde de sexta-feira, o incêndio chegou a ter três frentes ativas a progredir com “grande intensidade”, e a Proteção Civil deslocou habitantes de casas que estavam na frente de fogo para a Aldeia da Pedralva, uma aldeia rural do concelho de Vila do Bispo que já foi habitada por mais de 100 pessoas, mas cujas 24 casas são usadas, desde 2010, para fins turísticos.
O incêndio deflagrou em Aljezur, no distrito de Faro, tendo-se depois dirigido para os concelhos vizinhos de Vila do Bispo e de Lagos.