Rui Pinto, o hacker que começa a ser julgado a 4 de setembro, acusado de 90 crimes, chegou a equacionar receber salários da Doyen através de uma offshore para obter vantagens fiscais, segundo revela o jornal Público, esta terça-feira. A informação, obtida através de uma mensagem de correio eletrónico enviada pelo pirata informático ao seu então advogado, Aníbal Pinto, em 2015, faz agora parte do processo judicial consultado pelo jornal.

Depois de ter tentado, segundo o Ministério Público, extorquir entre meio milhão e um milhão de euros ao fundo de investimento, o pirata informático recorreu a Aníbal Pinto para negociar o pagamento de um salário. Aqui, diz o jornal, o que estava em causa já não eram valores tão elevados, mas sim 125 mil euros repartidos ao longo de cinco anos (25 mil por ano).

Contactado pelo Público, Aníbal Pinto confirmou o conteúdo desta e de outras mensagens que ele próprio fez chegar ao processo judicial. “Não é ilegal recorrer a offshores. O [grupo] Jerónimo Martins também o faz”.

Desde que foi detido, Rui Pinto sempre alegou que apenas tentava perceber o valor da informação recolhida, não sendo sua intenção receber dinheiro algum por parte do fundo sediado em Malta. Na passada sexta-feira, foi libertado, na sequência da colaboração com a Polícia Judiciária e o Ministério Público em várias investigações. E esta terça-feira proferiu as primeiras declarações através das redes sociais onde afirma que Portugal continua a ser um paraíso para a corrupção.

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“A luta continua”. Rui Pinto faz declaração após ser libertado e diz que “Portugal continua um paraíso para a grande corrupção”

O hacker é acusado de tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen que geria passes de jogadores de futebol. Em troca do dinheiro, escreve o jornal, “o pirata informático destruiria toda a informação sensível para o fundo de investimento, prometendo não revelar mais informações sobre a Doyen no site do Football Leaks”.

Em tribunal, o especialista em informática vai responder por 68 crimes de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.

O seu antigo advogado, Anibal Pinto, foi constituído arguido no final do mês de março de 2019 no âmbito do processo de investigação realizado a Rui Pinto. Contudo, garantiu nunca mais ter falado ou ter tido qualquer tipo de contacto com o hacker desde que este deixou de ser seu cliente.