Apesar de ter melhorado alguns aspetos, Portugal continua a seguir a tendência verificada nos últimos anos e, pela terceira vez consecutiva, voltou cair no ranking da Competitividade Digital, do IMD World Competitiveness Center, divulgado nesta quinta-feira. A economia nacional desceu três posições no quadro geral, passando do 34.º para o 37.º lugar, num total de 63 países analisados. O resultado mostra que o país “não conseguiu acompanhar o ritmo de competitividade digital de outros países” durante este ano.

Neste ranking, o IMD World Competitiveness Center, que para a recolha de dados em Portugal conta com a parceria da Porto Business School, avalia três fatores distintos dentro da temática da competitividade: o “Conhecimento”, que diz respeito às capacidades necessárias para a aprendizagem e descoberta da tecnologia, a “Tecnologia”, que quantifica desenvolvimento de tecnologias digitais, e ainda a “Preparação para o Futuro”, que analisa o nível de preparação de uma economia para assumir a sua transformação digital.

O primeiro indicador — Conhecimento — continua a ser, de acordo com este estudo, o que “mais contribui para tornar a economia nacional competitiva no digital”, uma vez que as classificações oscilam sempre entre a 27.ª e a 33.ª posição no ranking desde 2016. Este ano, e dentro deste indicador, Portugal voltou a apresentar melhorias: subiu na qualidade (de 26.º para 24.º), na formação e educação (de 39.º para 38.º) e também na concentração de conhecimento (de 32.º para 30.º), conseguindo ainda um lugar nos primeiros 20 países dentro das competências digitais e tecnológicas (14.º lugar) e no número de licenciados em Ciência (13.º lugar).

Ainda assim, a nível geral do indicador “Conhecimento”, houve uma descida de três posições: da 31.ª para a para 33.ª posição, um resultado “que serve de alerta para um crescimento a um ritmo mais lento do que noutros países, sobretudo devido à fraca prestação das empresas na Formação de Colaboradores (58º)”, refere a Porto Business School em comunicado.

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no que diz respeito à Tecnologia, os dados sobre Portugal indicam que o país conseguiu melhorar em todas as vertentes, incluindo no número de utilizadores de Internet, nas leis de imigração e na qualidade das tecnologias e comunicações. Ainda assim, e em parte devido à ainda reduzida penetração de assinantes de banda larga móvel e à falta de exportação de tecnologia de ponta, Portugal não conseguiu alterar a sua posição no ranking deste indicador — o 38.º lugar.

Mas o pior cenário no que diz respeito à competitividade digital está na “Preparação para o Futuro”, onde Portugal desceu sete posições, passando do 34.º para o 41.º lugar. De acordo com a análise há, sobretudo, falta de agilidade no negócio, mas também uma insuficiente deteção de oportunidades, um grande receio do fracasso e o fraco uso de big data & analytics.

As classificações de Portugal, com os três indicadores analisados neste ranking

Em reação a estes resultados, Rui Coutinho, diretor executivo de Inovação e Crescimento da Porto Business School, sublinha que os indicadores mostram que “Portugal precisa de acelerar, de forma decidida, o seu investimento na geração e transposição de conhecimento nas áreas digitais para as empresas”. Porque, acrescenta, é aí que está o grande problema “mas, simultaneamente, também a solução”.

Cabe aos gestores portugueses compreender a importância de adotarem uma gestão mais empreendedora, mais ágil e mais adaptativa – um novo ‘darwinismo organizacional’ -, que precisa de recorrer a novas ferramentas digitais, suportar as decisões em dados e apostar, de forma clara, nas competências dos trabalhadores para o digital. Durante os últimos anos, ouvimos as empresas falarem abundantemente em transformação digital. É verdade que muito foi investido no digital,  mas a palavra mais importante nesse novo mantra das empresas deveria ter sido ‘transformação’. E aí, está quase tudo por fazer”, explica o responsável da Porto Business School, citado em comunicado.

Numa análise global a este ranking, as conclusões não sofreram grandes alterações em relação ao ano passado: os Estados Unidos continuam a ser o país com maior nível de competitividade digital, ocupando o primeiro lugar da tabela, seguindo-se Singapura em segundo lugar e a Dinamarca na terceira posição. A China foi um dos países que mais cresceu, entrando este ano no Top 20, depois de ter alcançado o 22.º lugar em 2019 e a 30.ª posição em 2018.

O IMD (International Institute for Management Development) é uma escola de gestão localizada na Suíça, fundada há 75 anos e que anualmente publica duas avaliações aos fatores de competitividade em 63 economias. Em Portugal, e desde 2015, a escola tem a Porto Business School como parceira.