A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) integra um projeto que visa transformar as automotoras a gasóleo em circulação na Linha do Vouga e tornar o “Vouguinha” o primeiro comboio português a hidrogénio, foi anunciado esta segunda-feira.

Vouguinha. Assim se deverá chamar o primeiro comboio português a hidrogénio”, avança segunda-feira a FEUP.

Numa publicação no site da Universidade do Porto, a instituição explica que, no âmbito do projeto H2Rail, está a ser estudada a transformação das automotoras a gasóleo em circulação na Linha do Vouga, no distrito de Aveiro.

O intuito é substituir o motor a diesel por células de combustível a hidrogénio, assegura a FEUP, acrescentando que tal possibilidade está “em linha com a estratégia do Governo de descarbonização dos transportes”.

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O projeto, liderado pela Comboios de Portugal (CP), já conta com um pedido de financiamento europeu, sendo que serão necessários 34,6 milhões de euros para “alavancar as seis etapas do projeto”.

“Entre estudos de viabilidade técnica e financeira, e a construção do protótipo, a previsão para a chegada à fase de testes será 2023”, refere.

Além da FEUP e da CP, integram este projeto a CaetanoBus, NomadTech e a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio. O consórcio do H2Rail já apresentou uma proposta para a obtenção do estatuto de projeto de interesse comum para a área do hidrogénio — o estatuto IPCEI.

Citado na publicação, o diretor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP, Adriano Carvalho, afirma que “esta transformação reduzirá custos, uma vez que a eletrificação das linhas é mais dispendiosa”.

Há uma série de linhas que não estão eletrificadas onde existem comboios a diesel, compostos por um motor a diesel que serve para alimentar um gerador elétrico. O objetivo é substituir este conjunto por uma célula de combustível a hidrogénio, que produz energia elétrica”, esclarece.

Adriano Carvalho adianta que o objetivo final do H2Rail será “expandir as composições de hidrogénio para as restantes linhas ferroviárias”, mas para que para a Linha do Vouga fique “operacional” é preciso que, em simultâneo, “existam já os postos de abastecimento para o efeito”.

Em 12 de janeiro, a Infraestruturas de Portugal (IP) informou que a Linha do Vouga vai receber na próxima década obras de reabilitação num investimento de mais de 100 milhões de euros. A maior parte do investimento diz respeito à requalificação do troço Espinho — Oliveira de Azeméis, uma empreitada que faz parte do Programa Nacional de Investimentos (PNI2030), com um custo estimado de 75 milhões de euros.

Segundo a IP, nos próximos anos vão avançar várias empreitadas, tendo em vista a reabilitação da via e reforço das condições de circulação e segurança na Linha do Vouga, num investimento global superior a 30 milhões de euros, com conclusão estimada até 2025.