Mais de cinco mil pessoas já foram detidas pela polícia russa durante as manifestações no país pela libertação do opositor Alexei Navalny, anunciou a organização não-governamental OVD-Info, citada pela Associated Press.

A população russa continua a ignorar os avisos das forças policiais e permanece em protesto nas ruas do país.

Segundo a ONG, as autoridades detiveram hoje mais pessoas que no passado dia 23 de janeiro, quando foram realizadas também manifestações pela libertação de Navalny.

De acordo com a AP, o apoio a Navalny apelou à realização de novos protestos em Moscovo na terça-feira, quando este deve ser presente a tribunal numa audição que poderá levá-lo à prisão por vários anos.

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Segundo a mesma fonte, perto de 1.500 pessoas foram detidas em Moscovo, incluindo a mulher de Alexei Navalny, Yulia.

Em São Petersburgo, segunda maior cidade do país, milhares saíram às ruas em protesto, entoando cânticos que pediam o “fim do czar”. Mais de mil manifestantes acabaram por ser detidos.

Os Estados Unidos instaram a Rússia a libertar Navalny e criticaram a repressão aos protestos. “Os EUA condenam o uso persistente de táticas duras contra manifestantes pacíficos e jornalistas pelas autoridades russas pela segunda semana consecutiva”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na rede social Twitter.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia entendeu o pedido de Blinken como uma “interferência grosseira nos assuntos internos da Rússia” e acusou Washington de tentar desestabilizar a situação no país apoiando os protestos.

Também o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou “as detenções generalizadas e o uso desproporcional da força” das autoridades policiais.

As autoridades introduziram medidas de segurança sem precedentes no centro da cidade de Moscovo, fechando estações de metro próximas ao Kremlin, cortando o transporte público e ordenando que restaurantes e lojas permaneçam fechados.

Inicialmente, a equipa de Navalny pediu que o protesto fosse realizado na praça Lubyanka, em Moscovo, onde fica o quartel-general do Serviço de Segurança Federal, que Navalny afirma ter sido o responsável pelo seu envenenamento.

Enfrentando cordões policiais ao redor da praça, o protesto mudou para outras praças centrais e ruas.

A Amnistia Internacional exigiu à Rússia que libertasse, de forma imediata e incondicional, todos os manifestantes pacíficos detidos nos protestos no país, enquanto a União Europeia condenou as detenções e sublinhou que Moscovo deve “respeitar os seus compromissos internacionais”.

Navalny, 44 anos, um investigador anticorrupção e o crítico mais conhecido de Putin, foi preso a 17 de janeiro ao regressar da Alemanha, onde passou cinco meses a recuperar-se de uma intoxicação por agente nervoso que atribui ao Kremlin.

Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, e testes da Organização para a Proibição de Armas Químicas, estabeleceram que ele foi exposto ao agente nervoso Novichok. As autoridades russas recusaram-se a abrir um inquérito criminal completo, alegando falta de evidências de que ele fora envenenado.

Navalny foi detido imediatamente após o seu regresso à Rússia, no início deste mês, e preso por 30 dias a pedido do serviço de prisão da Rússia, que alegou que ele violou a liberdade condicional.

Na quinta-feira, um tribunal de Moscovo rejeitou o apelo de Navalny para ser libertado, e uma nova audiência na próxima semana pode transformar a sua pena suspensa de três anos e meio numa em que deve cumprir prisão.

Notícia atualizada às 10h10 com novos números sobre detenções