Um grupo de 100 pessoas escreveu ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, a apelar para que seja apresentada de uma candidatura de Ponta Delgada a Capital Europeia da Cultura em 2027.

No manifesto, revelado esta quinta-feira, e também enviado às presidentes da Câmara Municipal Ponta Delgada, Maria José Duarte, e da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores, Cristina Calisto, o grupo, que se autointitula de movimento cívico, defende a candidatura de Ponta Delgada “em articulação com outros municípios e ilhas” e através de “um projeto de união, colaboração e circulação”.

Segundo a nota enviada às redações, pretende-se “posicionar Ponta Delgada como uma cidade europeia e aberta ao mundo, e os Açores como região ultraperiférica na linha da frente das principais discussões do mundo contemporâneo e na aplicação de políticas de estratégia cultural”.

Para o movimento cívico, uma candidatura de Ponta Delgada não só “reforça a diversidade da cultura europeia e o sentimento de pertença”, como “mobiliza a cultura enquanto elemento transformador e regenerador das esferas económica e social”.

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A candidatura pode ainda “acentuar a cooperação local e a projeção nacional e internacional dos Açores, valorizando a identidade insular e atlântica, e reforçando a rede de agentes culturais e a própria programação cultural da região”.

O movimento pretende “levar os Açores à Europa e a Europa aos Açores, numa lógica de cidade, ilha e região”, considerando que este é um “investimento que se espera positivo”, uma vez que “envolve e gera novas conversas e sinergias entre os diversos setores da sociedade” e garante um impacto e retorno económico para a região, que “reforça a sua notoriedade e posicionamento turístico junto de novos públicos, segmentos e mercados”.

“A cultura alia-se à natureza, ao património, à educação, à inovação, à tecnologia, à sustentabilidade e à espiritualidade. Uma candidatura a partir dos Açores pode demonstrar a pluralidade e riqueza das valências patrimoniais, tradições, narrativas, comunidades, equipamentos e estruturas culturais da região, mas também revelar uma cidade e uma região certas da sua singularidade e do valor das suas vozes, autores, artistas, companhias, educadores, mediadores, curadores, diretores artísticos e festivais”, refere-se no documento.

Portugal lançou, no final de novembro, o convite para as cidades se candidatarem a Capital Europeia da Cultura em 2027, segundo publicação de um aviso em Diário da República que formalizou a abertura do processo.

As candidaturas estão abertas até ao dia 23 de novembro de 2021.

A verba disponível para a Capital Europeia da Cultura 2027, à qual dez cidades portuguesas já manifestaram intenção de se candidatar, é de 25 de milhões de euros, anunciou em outubro o Ministério da Cultura.

Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Leiria, Guarda, Oeiras e Viana do Castelo são as cidades que já manifestaram intenção em serem Capital Europeia da Cultura 2027, que decorrerá em simultâneo em Portugal e na Letónia.

Segundo o Ministério da Cultura, “a escolha da cidade vencedora será feita por um júri composto por dez peritos independentes, nomeados por instituições europeias, e para o qual Portugal escolherá dois elementos entre janeiro e junho [de 2021]”.

A vencedora será anunciada em 2023.

No passado, Portugal recebeu o título de Capital Europeia da Cultura três vezes, pela cidade de Lisboa, em 1994, do Porto, em 2001, e de Guimarães, em 2012.