A ideia do Executivo lisbonense era aprovar já na quinta-feira, numa reunião de câmara extraordinária, a “emissão de informação prévia favorável” para o novo projeto pensado para o quarteirão da Portugália, mas a votação deverá ser adiada segundo apurou o Observador.

O PCP deixou claro na reunião desta quarta-feira que pretende que o projeto seja revelado e apresentado, considerando “o amplo interesse que o projeto para o local gerou desde o início” e pediu que o relatório de ponderação fosse tornado público. O vereador Ricardo Veludo deixou aberta a hipótese de divulgar publicamente o documento, mas disse “não compreender a necessidade de mais discussão pública” sobre o projeto.

Mas essa também não é a opinião de PSD e CDS, que querem adiar a votação do novo projeto que inclui um hotel, apartamentos turísticos, habitação, comércio e serviços, segundo o projeto a que a agência Lusa teve acesso. O documento prevê um conjunto de intervenções de alteração, ampliação e construção nova, “salvaguardando e valorizando o património cultural edificado preexistente, bem como o património cultural imaterial através do restabelecimento de produção de cerveja na antiga fábrica da Cervejaria Portugália”, escreve a autarquia na proposta.

No projeto agora apresentado nasce um hotel, mas cai a creche que estava prevista no projeto inicial. Algo de que o parceiro de coligação na autarquia discorda e que, ao que o Observador apurou, levará os bloquistas a votarem contra a proposta. Além da construção de um hotel — com 165 quartos duplos e 189 apartamentos turísticos — o Bloco de Esquerda é contra a saída da creche e contra o facto de não terem sido ouvidos os cidadãos na construção desta nova proposta.

É certo que o projeto deixa de ter a tão contestada “torre”, passando a ter apenas prédios com oito pisos (com cerca de 26 metros de altura, contra os iniciais 60 — e posteriores 49) metade do que foi inicialmente avançado, mas a inclusão de um hotel e apartamentos turísticos em detrimento de equipamentos sociais afasta o BE da proposta.

Segundo a memória descritiva do projeto, na área destinada a turismo pode ainda ser integrada uma residência de estudantes em sede de licenciamento, avançou a agência Lusa acrescentando que esta intervenção urbanística “não prevê a cedência de áreas destinadas a espaços verdes e de utilização coletiva e/ou para equipamentos de utilização coletiva”, pelo que a contra-partida para a autarquia foi a entrega de habitações, embora não esteja especificado na proposta de quantas se tratam.

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